São ao todo 6 os diferentes tipos de hepatites virais, sendo cada uma destas doenças provocada por um tipo de vírus, igualmente, diferente.
A hepatite ocorre quando há uma inflamação do fígado, tratando-se de uma patologia frequentemente causada por infeções virais. Contudo, podem existir outras causas como a hepatite autoimune ou derivada do consumo de produtos tóxicos como o álcool, medicamentos e algumas plantas.
Segundo dados do Infarmed, houve mais de 10 mil portugueses com hepatite C que foram considerados curados, nos últimos três anos.
O número de tratamentos pelo Serviço Nacional de Saúde subiu de 13 mil para 20 mil desde 2015, altura em que foi aprovado o primeiro medicamento da nova geração da doença. De facto, ao longo do tempo a investigação científica tem permitido desenvolver medicamentos inovadores, que garantem uma eficácia do tratamento a 97 por cento.
Para comentar estes números, e a propósito do Dia Mundial da Hepatite assinalado no passado dia 28 de julho, foi convidado da RTP o Professor Rui Tato Marinho, Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, que salientou o “avanço fantástico da medicina moderna” no combate à hepatite viral, explicando como atua o “antivírico que consegue interferir com o crescimento do vírus”, responsável pela hepatite C, neutralizando-o em poucas horas. De acordo com o Professor, contabilizam-se até ao momento 27 mil tratamentos, tendo-se alcançado uma taxa de sucesso de 97% na erradicação do vírus.
A taxa de cura da hepatite C registou, assim, um aumento exponencial, e quanto ao número de casos, Rui Tato Marinho estima que haja “ainda 40 mil pessoas por identificar, porque é uma doença também silenciosa”, diagnosticada unicamente “através de análises ao fígado e testes serológicos específicos para a hepatite C”, conforme explicou em entrevista à RTP, recomendando “a realização do teste de hepatite C, da hepatite B e do HIV pelo menos uma vez na vida, a partir dos 20 e poucos anos”.
Prevenção e rastreio são, portanto, ideias a reter, principalmente no dia em que sensibiliza o mundo para a luta contra as Hepatites, assinalado todos os anos a 28 de julho. “A celebração tem como objetivo clarificar aspetos referentes à infeção, sublinhar a sua prevalência a nível mundial, sensibilizar para a necessidade de investir na prevenção e informar os doentes, os seus familiares e a população em geral”, esclarece o Serviço Nacional de Saúde (SNS) na sua página oficial, que destaca os 27 mil tratamentos autorizados no tratamento da hepatite C e os 15 mil curados, de que há registo desde o ano 2015.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hepatite B e C, juntas, são a causa mais comum de mortes, responsáveis por cerca de 1,4 milhão de vidas perdidas a cada ano.
“Futuro Livre de Hepatites” (Hepatitis-free future) foi o lema escolhido este ano para assinalar o Dia Mundial contra as Hepatites, com enfoque na prevenção da hepatite B (HBV) entre mães e recém-nascidos. “Na 69.ª Assembleia Mundial da Saúde, que decorreu entre os dias 23 e 28 de maio de 2016, em Genebra, 194 Governos adotaram a Estratégia Global da Hepatite Viral da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem por objetivo eliminar as hepatites B e C nos próximos 13 anos. Foi lançado o NOhep, o primeiro movimento global para eliminar a hepatite viral até 2030”, pode ler-se no site do SNS.
A efeméride conduziu a mais uma iniciativa do Laboratório de Nutrição da FMUL, que no Dia Mundial da Hepatite voltou atenções para a Hepatite E e a importância da alimentação na prevenção da doença, cujas principais vias de infeção na União Europeia são o consumo de carne de suíno, bem como produtos processados derivados do mesmo animal e, ainda, marisco mal confecionado.
Em mais uma Fact Sheet, o Laboratório de Nutrição da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa elucida-nos sobre a origem do vírus da hepatite E, “descoberto em 1980 quando o exército Soviético presente no Afeganistão foi afetado por grandes surtos de hepatite de etiologia criptogénica”, revelando a evolução científica registada na última década, que “foi totalmente disruptiva em termos de conhecimento sobre este vírus”, para além dos cuidados a ter com a alimentação de indivíduos imunocomprometidos.
Há cerca de um ano, aprofundámos esta e outras questões com Rui Tato Marinho na news@FMUL, em que o Professor assumiu a descrença na erradicação da “epidemia de Hepatite até 2030”, explicando que estamos perante “doenças crónicas” e “alguns doentes com Hepatite C já têm cirrose, portanto, têm um risco de cancro do fígado apesar de se eliminar o vírus”. “Mas pode reduzir-se muito em termos de impacto de saúde pública”, assegurou-nos Rui Tato Marinho no decurso de uma conversa em que partilhou a experiência e o conhecimento de “30 anos a curar doentes com Hepatite C”, numa entrevista a recordar aqui.
Sofia Tavares
Equipa Editorial
