Investigação e Formação Avançada
O IMM na Investigação da FMUL
O Instituto de Medicina Molecular (IMM) é um Laboratório Associado ao Ministério da Ciência e do Ensino Superior e tem por objectivo o exercício e a promoção de actividades de investigação básica e aplicada na área das Ciências da Saúde. Localizado no campus da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), foi criado em Novembro de 2001 como resultado da fusão de cinco centros de investigação da FMUL, o Centro de Biologia e Patologia Molecular (CEBIP), o Centro de Neurociências de Lisboa (CNL), o Centro de Microcirculação e Biopatologia Vascular (CMBV), o Centro de Gastrenterologia (CG) e o Centro de Nutrição e Metabolismo (CNB), a que se juntou, em 2003, o Centro de Investigação e Patobiologia Molecular (CIPM) do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil. Embora tenha sido criado em 2001, foi em 2004, com a passagem para as instalações do Edifício Egas Moniz, que passou a funcionar como unidade de investigação unificada, tendo como Presidente da Direcção o Prof. Doutor João Lobo Antunes, como Directora Executiva a Profª. Doutora Carmo-Fonseca e como Vice-Presidente o Prof. Doutor Miguel Carneiro de Moura. Nas palavras do Prof. Doutor Lobo Antunes, a ideia que esteve na base da criação do IMM foi “(…) juntar grupos da Faculdade de Medicina que tinham sido classificados de Muito Bom, ou Excelente nas avaliações exteriores da Fundação para a Ciência e Tecnologia ( ...)”.
O IMM dedica-se à investigação em múltiplas áreas, nomeadamente as doenças vasculares cerebrais e degenerescências neuronais (caso da doença de Alzeimer e doença de Parkinson). Para além disto, os investigadores do IMM trabalham o desenvolvimento de terapêuticas experimentais contra o cancro e as doenças infecciosas (nomeadamente SIDA, herpes e Hepatite C) e investigam os mecanismos que conduzem à resistência contra fármacos anti-virais e bacterianos. O trabalho de investigação desenvolvido no IMM é enquadrado por 3 Programas de Pesquisa: Biologia Celular e do Desenvolvimento; Imunologia e Doenças Infecciosas; e Neurociências. Globalmente, no IMM existem 28 Unidades de Investigação, 1 Unidade Associada, 310 Cientistas (121 Doutorados, 189 Não-Doutorados), 1 Programa Doutoral Internacional e 30 Projectos de Investigação que iniciaram em 2007 (22 deles nacionais e 8 internacionais). Para além das estruturas identificadas acima, o Prof. Doutor J. Lobo Antunes referiu também que o IMM tem “(…) algumas unidades de transferência de tecnologia, (…) empresas que estão associadas ao IMM. Distingo a Alfama e a Tecnophage,(…) uma unidade de diagnóstico molecular chamada Genomed (…)” e identificou “(…) duas unidades que servem de apoio à investigação, a Citometria de Fluxo, uma Unidade de Bio-Imagem (…)”. A caracterização do IMM não ficaria completa sem se referir a Unidade de Informação de Sistemas e o Biotério, em fase de conclusão.
Segundo a opinião do Presidente da Direcção do IMM, “ (...) a fundação do IMM foi absolutamente fundamental, sendo mesmo decisiva para o fomento da investigação na FMUL. A ideia fundadora foi fortalecer determinados grupos, chamados de Ciência Básica, e posteriormente atrair cada vez mais os Clínicos para a investigação laboratorial, para a articulação com os programas de pesquisa a nível básico, sempre com a ideia de desenvolver a ciência de translação, aquela que significa passar do laboratório para a clínica, para o problema real da doença.” É esta a grande aposta do Instituto, que beneficia da estreita relação que mantém com o Hospital Santa Maria. Destacou ainda que “ (...) o IMM está aberto a quem queira fazer investigação, todos os seus programas estão também direccionados aos clínicos, inclusivamente já existem Unidades, como é o caso da de Oncologia, das Neurociências, da Reumatologia e das Doenças Imuno-Alergicas que têm uma interacção muito forte com o HSM”. O Instituto tem como principal objectivo o exercício e a promoção da actividade de investigação básica e aplicada na Área das Ciências da Saúde.
Estando o IMM ligado à FMUL é inevitável questionar a sinergia existente entre as duas instituição. O Prof. Doutor Lobo Antunes não hesitou em referir que “ (...) a ligação tem sido perfeita, o IMM tido apoio incondicional da FMUL. A FMUL tem assento na Direcção do IMM, assim como tem o HSM, que é também um parceiro na direcção do Instituto. Hoje em dia, o IMM é a expressão, é a imagem da FMUL na área da investigação.” Se é certo que a FMUL desde sempre se distinguiu pela sua actividade científica, tanto na área das ciências básicas como das ciências clínicas, ocupando desde a sua fundação um lugar de destaque no panorama nacional das ciências da saúde, com a formação do IMM criaram-se condições para o avanço da biomédica e a introdução de novas técnicas de diagnóstico e de terapêutica.
Questionado sobre perspectivas futuras, o Prof. Doutor Lobo Antunes referiu que “ (...) o IMM tem tido o apoio do Ministério da Ciência e da Fundação para a Ciência e Tecnologia e prosseguiu-se com um processo de crescimento que se baseia num princípio muito simples: apenas contratar investigadores de excelência. Dos últimos foi o Prof. Doutor Henrique Veiga Fernandes, que teve um reconhecimento internacional, recebeu um financiamento recente muito poderoso e, pode-se dizer, que é a última “estrela” que entrou para a instituição.” A política seguida pelo IMM, na figura da sua Directora Executiva, a “alma da instituição” nas palavras do Prof. Doutor Lobo Antunes, e com o apoio deste, é contratar apenas o Top de jovens cientistas, “(…) investigadores de excelência(…)”, que, de alguma forma, possam dar um contributo significativamente positivo à investigação no IMM. Há algumas áreas em que a afirmação internacional já é muito bem reconhecida. O instituto conta já com uma série de investigadores estrangeiros, o que se pode considerar uma vitória, tendo em conta que é muito difícil fixar investigadores estrangeiros em Portugal. Tem sido também possível atrair, para trabalhar com a equipa do IMM, alguns investigadores portugueses que estavam no estrangeiro. O Professor salienta ainda que “ (...) o sucesso com investigadores estrangeiros tem sido um sucesso de certo modo limitado, mas este facto prende-se com a realidade da investigação em Portugal”. A Investigação e o Desenvolvimento nas Ciências Biomédicas têm um papel fundamental na medicina, por isso é uma enorme mais valia para a FMUL poder contar com o IMM para o progresso do conhecimento nesta área.
Para terminar resta divulgar o lema dos investigadores do IMM, Investigar > Conhecer > Inovar > Proteger e o espírito de que estão imbuídos:
“ (...) esperamos que todos dêem o seu melhor, sabendo que o caminho é muitas vezes difícil e exigente. Mas, não há outra forma de atingir a excelência na Ciência (...) ”
Convidado:
Prof. Doutor J. Lobo Antunes
Entrevista realizada por:
Raquel Moreira (armoreira@fm.ul.pt)
Susana Leal (sleal@fm.ul.pt)
Bibliografia:
Site do Instituto de Medicina Molecular: www.imm.ul.pt
IMM Report 2007.2008 Instituto de Medicina Molecular Faculdade de Medicina de Lisboa