Maria José Diógenes vence um dos Prémios Santa Casa Neurociências
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Este ano, os Prémios Santa Casa Neurociências, atribuídos pela Misericórdia de Lisboa, distinguem investigações de terapias regenerativas para lesões vertebro-medulares com proteínas de células estaminais e tratamento da doença de Alzheimer com um composto que atua no cérebro.

O estudo liderado por Maria José Diógenes, Professora da Faculdade e Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e Investigadora da Instituto de Medicina Molecular (iMM), foi galardoado com o Prémio Mantero Belard, com um montante de 200 mil euros e que financia a investigação científica ou clínica de doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como por exemplo, Parkinson e Alzheimer

A Neurofarmacologista, já tinha sido premiada com esta bolsa em edições anteriores.

Falamos com a Professora, de forma a perceber qual a importância deste prémio para a sua investigação:

O que pretende este prémio destacar da sua investigação?

Maria José Diógenes: Nos últimos anos, a nossa equipa tem-se dedicado a encontrar novos alvos terapêuticos para o tratamento da doença de Alzheimer. Encontrámos um novo alvo terapêutico e desenvolvemos um novo composto. Iniciámos os primeiros ensaios pré-clínicos com sucesso. Provámos a eficácia do composto in vitro (neurónios em cultura), ex vivo (fatias de hipocampo e terminais simpáticos) e também num estudo piloto in vivo com um modelo animal da doença. Este prémio vai possibilitar o estudo profundo das características do composto (farmacocinética e toxicidade) por forma a escolhermos os esquemas terapêuticos corretos a fim de desenvolvermos estudos de eficácia completos tanto in vivo, em modelos animais, como por exemplo, vivo em estruturas celulares compostas por células humanas (organoides). Vamos ainda investigar formas de monitorizar o efeito terapêutico para que seja possível ser feito o ajuste posológico doente a doente.

Em que medida este prémio fortalece a investigação?

Maria José Diógenes: Este financiamento é crucial para continuarmos a desenvolver o composto que concebemos, na esperança de que um dia chegue aos doentes com doença de Alzheimer.​ Este prémio vai possibilitar que os estudantes que estão a trabalhar neste projeto produzam teses de doutoramento de qualidade. Estamos todos muito entusiasmados com o futuro, apesar do enorme sentido de responsabilidade.

Depois de um período em que foi mãe pela 3ª vez, passou por um período de confinamento com 3 filhas em casa, o que significa ganhar este prémio?

Maria José Diógenes: Perseverança e foco, foi o que nos manteve com esperança e motivação enquanto equipa de investigação. Pessoalmente, é uma alegria imensa. À semelhança do que foi ser mãe em plena pandemia, este prémio foi outra Luz. É bom ter a prova que é possível conciliar uma vida familiar intensa e feliz com uma vida profissional exigente e também feliz.

 

Fonte: Observador