Juntos pelo Fernando
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Seria hoje dia 24 de janeiro que Fernando Lopes da Silva faria 85 anos.

O neurocientista português foi celebrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e pelo Instituto de Medicina Molecular que, com o mote “Juntos pelo Fernando”, quiseram juntar alguns os melhores amigos e parceiros de diversas áreas de investigação do aclamado Professor das neurociências.

Diretor da Faculdade de Medicina, Fausto J. Pinto, abriu esta sessão expressando “enorme gratidão por um dos grandes Homens da casa (Faculdade) e que tanto contribuiu para o Mestrado de Engenharia Biomédica (administrado em parceria com o Técnico). Foi o dínamo da multidisciplinaridade em ciência”. Sempre em mente com a frase que marca a imagem da sua Instituição, Fausto J. Pinto fundamentou os seus elogios ao Professor, “é também por ele que honramos o passado e construímos o futuro”.

homem grisalho e de bata

 

homem grisalho de bata e mulher a falar ao microfone

 

Porque homenagear Fernando Lopes da Silva é também homenagear toda a ciência, seguiu-se a Conferência – Exploring the entorhinal córtex. A joint expedition! – apresentada por Menno Witter um dos seus doutorandos em Amesterdão. Menno Witter fez uma viagem explicativa ao cérebro e às razões que identificam a memória ou as suas falhas.

Fio condutor de toda a sessão, Maria do Carmo Fonseca, Presidente do iMM, conduziu uma calorosa entrevista com Maria de Sousa, prestigiada cientista cujo foco foi sempre a Imunologia. Maria de Sousa compõe parte do júri que nomeia anualmente o Prémio Pessoa, prémio esse também atribuído no passado a Carmo Fonseca a quem se referiu como “sua concorrente científica, enquanto uma investigava no Porto e outra em Lisboa”. Foi, no entanto, com olhar de aprendiz que Carmo Fonseca pôde escutar as memórias de Maria de Sousa sobre um “Fernando que abria as portas da sua casa a todos, e era aí que se juntavam”. Muitos foram os caminhos que juntaram estes dois grandes nomes da ciência, ambos licenciados pela Faculdade de Medicina, Fernando e Maria viriam, contudo, só a conhecer-se em Londres. Anos mais tarde trabalhariam juntos, “o Fernando identificou os melhores grupos das neurociências em Portugal, havia um no Porto, em Coimbra e um em Lisboa”. Recordou a importância da Fundação Bial para permitir que Fernando Lopes da Silva pudesse investigar quase tudo o que queria até morrer. Enquanto passava fotografias e se perdia entre críticas perante a falta de financiamento da ciência e a falta de aposta na liderança de pessoas mais jovens, parou diante de uma das últimas fotos e referiu, “na vida do Fernando há uma pessoa indispensável, a Carlota”.

homem de pé com portátil na mão

 

homem grisalho de fato a dar uma conferencia

 

Mulher mais velha a ser entrevistada por outra mais velha

 

Os convidados que se seguiriam, Pedro Guedes de Oliveira, Engenheiro Eletrotécnico e Teresa Paiva, Neurologista e especialista do sono, viriam a confirmar a extrema importância da mulher Carlota que acompanhou sempre Fernando Lopes da Silva e que com ele abria as portas a todos os amigos, nos tantos anos de vida na Holanda.

Pedro Guedes de Oliveira escolheu o Fernando médico e partiu para a Holanda, por um na,o para fazer o Doutoramento em Engenharia Biomédica. Este percurso explica que se refira ao seu amigo e Professor como, “alguém que tinha um domínio técnico notável e homem de grande qualidade, ética e rigor”. Emocionado ao recordá-lo, e depois de uma breve memória aos encontros que foram tendo pela vida, deixou o palco dizendo que para ele, “foi uma enorme perda, mas uma grande responsabilidade de honrar o seu legado”.

A encerrar a manhã Teresa Paiva recordou o Professor que teve de abandonar o seu país para fugir da obrigatoriedade do serviço militar. O mesmo Professor que poucos tempo após sair de Portugal tinha enorme sucesso em publicações científicas e que até aos dias de hoje já foi citado mais de 43 780 vezes. Como mestre inspirador que foi para esta especialista que observa a atividade neuronal no sono, referiu Lopes da Silva como o pilar que a inspirou em 10 grandes momentos da sua vida académica e médica.

Menos científicos e igualmente emotivos, testemunharam alguns daqueles que foram os grandes amigos de um Fernando que já teve 10 anos e jogava à bola nos relvados das avenidas novas, quando ainda não havia prédios, mas apenas meia dúzia de casas.

Amigos da escola e da rua, mas que se foram encontrando entre Portugal e a Holanda, cientistas, médicos, Professores e todos os curiosos que quiseram conhecer um dos grandes nomes portugueses das neurociências, todos estiveram hoje juntos pelo Fernando.

homem grisalho a falar ao microfone

 

mulher de cabelo branco no pulpito

 

Dois homens sentados na audiência, um com o microfone na mão