Hepatites virais: “Um problema de saúde pública”
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Homem de fato e gravata

Rui Tato Marinho, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, admite que está na altura de encontrar respostas para os desafios causados pelas hepatites víricas.​​​​​​

O Professor afirma que as hepatites víricas são “um problema de saúde pública” e estas são a causa do “aumento que se tem verificado no número de cancros do fígado, carcinoma hepatocelular, e de mortalidade prematura”.

 

Questionado pela News Farma sobre o impacto da pandemia por SARS-CoV-2 na identificação e no acompanhamento dos doentes com hepatites víricas em Portugal, o Professor menciona que, “os dados disponíveis ainda são escassos, mas mostram que a pandemia por SARS-CoV-2 teve impacto a vários níveis, contribuindo para uma redução do número de consultas de urgência, de cirurgias, de consultas da especialidade e de internamentos por hepatites víricas”, acrescenta ainda que “o programa de transplantes hepáticos foi, também, afetado pela pandemia, principalmente na fase inicial, até porque houve uma redução do número de dadores.”

“O grande objetivo do Programa Nacional para as Hepatites Virais consiste na redução das hepatites víricas para um número pouco expressivo, contribuindo para salvar vidas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fala em eliminação em termos de saúde pública, para que, daqui a 10 anos, haja uma redução do número de portugueses com hepatite C e B a morrer devido às suas consequências. Os restantes objetivos passam pela identificação de mais pessoas infetadas, melhorar o acesso à terapêutica e promover a equidade por parte de todos os portugueses”, refere.

De acordo com o Professor Rui Tato Marinho, o acesso à terapêutica em Portugal realiza-se em várias velocidades: “Há hospitais em que o acesso é praticamente imediato, há outros em que demora um mês, dois meses. E há outros em que o acesso demora vários meses”, acrescentando que se “desconhece as razões para estas diferenças”, mas que é fundamental “atenuar estas desigualdades, porque se tratam de doenças infecciosas, e o atraso de vários meses até ao início do tratamento aumenta o risco de cancro do fígado em doentes com cirrose”.

Por fim, Rui Tato Marinho afirma que Portugal “tem todas as condições” para conseguir alcançar a meta definida pela OMS de eliminar as hepatites víricas até 2030, uma vez que Portugal dispõe de recursos humanos, decisores políticos que dão importância às hepatites víricas, especialistas e ONG no terreno, acesso aos medicamentos e ainda três centros de transplante hepático”.

 

Fonte: News Farma