O Dia da Emergência Médica aconteceu a 25 de setembro, na Aula Magna da FMUL e contou com a participação de vários profissionais que fazem parte da estrutura do INEM. Algumas das equipas existentes neste organismo são pouco conhecidas, como é o caso da Unidade de Relações Internacionais (URI), que atua em cenários de crise fora das nossas fronteiras, ou Unidade de Planeamento de Eventos, Protocolo de Estado e Gestão de Crises responsável por garantir a resposta no âmbito da gestão, planeamento e coordenação de situações de exceção, planeamento de eventos (mass gathering), coordenação e proteção à saúde de altas individualidades bem como de outras situações de crise.
Os oradores ocuparam toda uma manhã com a partilha de histórias pessoais, de informação sobre meios e procedimentos desde o momento em que uma chamada é atendida no CODU. Trocar o conforto das quatro paredes de um hospital pela adrenalina da rua foi o mote de muitas histórias de médicos e enfermeiros que trabalham na VMER e que contaram como é salvar pessoas em cenários caóticos de difícil acesso, onde cada minuto conta. Esta corrida contra o tempo é vivida de forma intensa e apaixonada.
Durante a tarde desenrolaram-se várias ações de formação em áreas como Introdução à Abordagem da Via Aérea, Abordagem ABCDE do Doente Crítico e Introdução ao Suporte Avançado de Vida e por fim, decorreu uma visita aos vários meios de transporte utilizados pelo INEM, que estavam estacionados no Campus da FMUL.
O balanço é positivo e já se fala não de um dia da Emergência Médica, mas sim de toda uma semana dedicada a este importante tema,
Falámos com Ana Rita Sobral, responsável do NAE e uma das impulsionadoras deste evento, que nos explica como tudo surgiu.
Como é que nasceu a ideia de fazer um dia dedicado a este tema?
Ana Rita Sobral: Esta iniciativa surgiu na sequência das Job Talks, promovidas pelo Mentoring 2.0, ( projeto de Mentoria Profissional), nas quais, um dos mentores o Henrique Sintra Coelho, assistiu a uma palestra de um pediatra de outra instituição e que faz Transporte Inter-hospitalar Pediátrico (TIP) tendo ficado motivado para organizar algo na FMUL sobre o INEM.
Ainda no passado, em diferentes Job Talks, houve algumas conversas sobre o INEM que espoletaram interesse por parte dos estudantes. Avançámos com uma reunião, eu e o Henrique, para debater algumas ideias iniciais, tendo como intuito para esse dia dar a conhecer a estrutura do INEM e os referidos meios, possibilitando conhecimentos que não são explorados ao longo do percurso académico dos estudantes, promover um espaço de troca de experiências através de testemunhos de convidados, seguido de uma tarde formativa e de visita aos meios do INEM.
E assim surgiu o Dia da Emergência Médica!
Quem fez parte do grupo base de trabalho?
Ana Rita Sobral: Rapidamente juntámos o Nuno Gaibino, também Mentor do Mentoring 2.0 e montamos a estrutura base do evento, depois contactamos a Tânia Strecht, delegada regional de Lisboa, Vale do Tejo e Alentejo do INEM, o Alexandre Caldeira, médico Coordenador da VMER da ULS Santa Maria e o Hélder Ribeiro, enfermeiro responsável pelo Centro de Formação da Delegação Regional Sul do INEM.
Pouco a pouco fomos juntando os oradores que alinharam prontamente na iniciativa mas o grupo inicial foi sendo alargado até este núcleo de 6 pessoas.
Henrique Sintra Coelho – interno de cirurgia pediátrica e está a tirar pós-graduação Emergência Médica e Catástrofe, Nuno Gaibino - Médico Intensivista na ULS Santa Maria, com especialização em Medicina Interna e Medicina Intensiva, Alexandre Caldeira - Assistente Hospitalar de Anestesiologia na ULS Santa Maria e com competência em Emergência Médica pela Ordem dos Médicos.
Tânia Strecht - Especialista em Medicina Interna e Pós-Graduada em Medicina de Emergência e por fim Hélder Ribeiro - Enfermeiro Especialista Médico Cirúrgica na área de Pessoa em Situação Critica.
Quanto tempo dedicaram a este projeto?
Ana Rita Sobral: A ideia surgiu em março de 2024, após as Job Talks, tendo sido solicitado o ok à Direção da FMUL perante uma proposta inicial, em abril, à qual o Diretor deu aval imediato.
Por isso estivemos março/abril a elaborar um primeiro esboço e depois a partir de junho até ao dia de 25 de setembro, sendo que neste momento ainda estamos em fase de agradecimentos, emissão de certificados, e elaboração de relatório final que se irá prolongar até meados de outubro, pois a atividade nunca termina no dia.
Da parte dos profissionais houve disponibilidade? Pareceu-te que sentiam necessidade de explicar como funciona esta rede?
Ana Rita Sobral:Senti a disponibilidade imediata à medida que foram sendo convidados e recebia o feedback de que o dia seria útil para os mesmos e para os estudantes, tendo alguns deles identificado que gostariam de ter tido algo similar enquanto estudavam.
Aliás, houve alterações ao programa inicial, tendo sido integradas algumas palestras por sugestão do próprio INEM por forma a dar a conhecer estruturas que não são tão visíveis
como Unidade de Relações Internacionais (URI) e Unidade de Gestão de Eventos e Situações de Exceção (UGESE).
E ao longo do dia e após o Dia, alguns dos profissionais já repetiram “então repetimos para o ano”; “para a próxima não fazemos o dia da emergência médica mas sim a semana”, o que revela interesse e motivação para continuar esta parceria. Contudo, iremos de precisar de mais recursos humanos para continuar esta iniciativa.
Ficou alguma coisa de fora?
Ana Rita Sobral: Na iniciativa não conseguimos ter o CIAV (Centro de Informação Antivenenos) presente, sendo um programa no período da manhã muito exigente. No período da tarde gostaríamos de ter tido mais uma ambulância, nomeadamente a TIP (Transporte Inter-hospitalar Pediátrico). Mas sendo mais ousada, pode ser que um dia exista a possibilidade também do helicóptero!
O Grupo do NAE tem quantas pessoas?
Ana Rita Sobral: O NAE é uma estrutura mais ampla do que a representada no organigrama da FMUL, tem 4 elementos do quadro que se dividem por 11 projetos, o Espaço S tem 4 psicólogos clínicos e temos 4 estudantes bolseiros, o que faz um núcleo de 12 pessoas. Para além destas pessoas existem 32 estudantes que colaboram nas 4 comissões organizadoras dos projetos.
Assim, o NAE, este ano, tem 44 elementos.
Quantas pessoas trabalharam para tornar possível esta iniciativa?
Ana Rita Sobral: Neste dia estiveram envolvidas algumas pessoas do INEM, da VMER, do NAE mas também colaboradores de outras áreas da FMUL que nos auxiliaram nos dias de preparação e no próprio evento e ainda alguns estudantes voluntários.
Assim, para organizar este dia tiveram envolvidas 25 pessoas.
Balanço da iniciativa e que feedback tiveram.
Ana Rita Sobral: Neste momento ainda estamos em fase de aplicação de questionários, e posteriormente iremos elaborar um relatório com base nos mesmos e na perceção da equipa. Contudo, já temos bastantes respostas e tivemos o feedback dos estudantes e dos palestrantes no dia e foi muito positivo.
Testemunhos recebidos
Gostaria de agradecer e parabenizar a FMUL pela palestra sobre emergência médica. Achei extremamente educativa e os oradores foram muito interessantes e cativantes. A iniciativa foi fundamental para aprofundar conhecimentos essenciais na prática clínica e representa um passo importante na nossa formação. Espero que mais eventos como este continuem a ser organizados!
O dia da emergência médica permitiu-me alargar o conhecimento sobre como trabalham os profissionais desta área. Ter consciência das dificuldades, desafios com que se deparam todos os dias, bem como o elevado espírito de equipa e união. Bem hajam!
Adorei a experiência.
Só tenho que agradecer. No dia 25 de setembro de 2024, vim para casa de alma cheia.
JC - Jorge Cunha