CEMP defende ensino médico presencial e administração da vacina para a COVID 19
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O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas emitiu novo comunicado que passamos a transcrever, no entanto, se quiser aceder ao documente original, clique aqui.

logo escolas médicas

"Pugnaremos pela continuação de um ensino médico o mais presencial possível, dentro das condições particulares e da realidade de cada Faculdade, comprometendo-nos a intervir junto do poder político e sanitário do país, para que os estudantes de medicina que frequentam o ciclo clínico possam beneficiar das medidas de proteção que são propostas para todos os profissionais de saúde, nomeadamente no que diz respeito à administração da vacina para a COVID-19.”

 

medico de bata

 

"A pandemia por COVID-19 tem constituído, além de um enorme problema de saúde pública mundial, um grande desafio para a gestão e organização do ensino universitário e, muito particularmente, do ensino da medicina.

Desde o seu início, foram encontradas pelo Conselho das Escolas Médicas Portuguesas (CEMP) soluções que, de acordo com os vários momentos da pandemia, permitiram equilibrar o binómio segurança e eficácia na formação dos futuros médicos portugueses. Percebemos que estes deveriam beneficiar das estratégias de proteção que são propostas para todos os profissionais de saúde e que, dessa forma, fosse viabilizado um processo formativo que não fosse condicionado pelo ambiente gerado pela evolução da crise sanitária.

Os nossos estudantes estão, assim, a conviver, na primeira pessoa, com uma condição de saúde pública que as gerações anteriores, como a nossa, nunca tinham vivido.

Além de uma dificuldade bem reconhecida por toda a população, esta condição apresenta-se como uma oportunidade, que deve ser interpretada por todos os interlocutores como modelo de aprendizagem que, modulado de forma progressiva na evolução da condição pandémica, se constitua como uma mais-valia para potenciais e futuras situações similares.

O CEMP sempre pugnou por esta proposta, que foi concretizada com êxito, bem evidenciado pelo baixo número de infeções entre os estudantes de medicina e pela ausência de infeções provocadas pelos nossos estudantes a doentes internados nos hospitais universitários, mantendo um ensino e, consequentemente, uma avaliação essencialmente presencial.

Valorizamos muito o ato médico, identificando a relação médico-doente como a chave de qualidade no ensino da medicina. Entendemos que, sem sentir a realidade individual de cada doente, no que diz respeito à sua condição de fragilidade e sofrimento, físico e emocional, os médicos serão apenas capazes de tratar a doença, mas nunca o doente.

É certo que fizemos um esforço no reforço dos modelos educativos inovadores, como a utilização da simulação médica (cada vez mais sofisticada) e de algumas formas de ensino remoto (como a de aulas teóricas on-line e off-line e consultas de doentes transmitidas em streaming para múltiplos estudantes) que, constituindo um benefício adicional à formação, nunca poderão substituir aquela que coloca o doente no

centro do processo formativo.

Nestes pressupostos, pugnaremos pela continuação de um ensino médico o mais presencial possível, dentro das condições particulares e da realidade de cada Faculdade, comprometendo-nos a intervir junto do poder político e sanitário do país, para que os estudantes de medicina que frequentam o ciclo clínico possam beneficiar das medidas de proteção que são propostas para todos os profissionais de saúde, nomeadamente no que diz respeito à administração da vacina para a COVID-19. Relativamente a este assunto, pedimos já uma reunião ao Presidente da Task Force para o programa de vacinação contra a COVID-19, que foi aceite, e para a qual aguardamos apenas a respetiva data.

Reforçamos ainda, empenhadamente, que o exemplo dos seus futuros colegas - os atuais médicos que enfrentam de forma estoica a difícil tarefa de tratar os doentes nestes difíceis tempos - deverá constituir uma inspiração para os atuais estudantes que, numa atitude solidária, se deverão comportar, na intenção e no modelo, de acordo com o que muito em breve lhes será também pedido pela sociedade. Temos a certeza que assim será!

Queremos formar médicos completos, solidários, humanistas no seu desempenho e cientificamente muito competentes. Neste contexto, contamos com os futuros médicos formados em Portugal para esta tarefa e podemos assegurar que todos poderão contar connosco, neste esforço conjunto a bem da saúde portuguesa".

 

 

Portugal, 16 de janeiro de 2021

 

O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas,

 

Henrique Cyrne Carvalho, Presidente do CEMP e Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto

 

Altamiro da Costa Pereira, Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

 

Carlos Robalo Cordeiro, Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

 

Fausto J. Pinto, Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

 

Isabel Palmeirim, Presidente do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve 

 

Jaime Branco, Diretor da Nova Medical School | FCM da Universidade Nova de Lisboa

 

Miguel Castelo Branco, Presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior

 

Nuno Sousa, Diretor da Escola de Medicina da Universidade do Minho