O dia internacional da Doença de Alzheimer, celebrado a 21 de setembro, é uma oportunidade única para discutirmos esta doença neurodegenerativa que nos “afeta a todos”.
A Doença de Alzheimer é uma doença neurológica grave e progressiva, para a qual ainda não temos medicamentos muito eficazes ou uma cura.
Ao contrário do que muitas vezes ouvimos dizer, a Doença de Alzheimer não é sinónimo de esquecimentos associados à idade. Ela causa um declínio progressivo da memória, mas também afeta outras funções intelectuais, como a linguagem, o planeamento e a realização de tarefas, o cálculo e a capacidade de realizar as rotinas diárias. Nas fases mais avançadas, os doentes perdem progressivamente a autonomia e podem deixar de reconhecer os familiares, comunicar e realizarem atividades básicas, como alimentarem-se.
Para além dos doentes, a Doença de Alzheimer afeta também os seus familiares e cuidadores.
É a forma mais comum de demência e em Portugal estima-se que cerca de 200 mil pessoas sofram de algum tipo doença associada à deterioração mental. As projeções indicam que, até 2050, o número de pessoas com demência pode aumentar para 400 mil. Estes números significam que, num período de 30 anos, cerca de 4% da população portuguesa pode ser afetada por uma demência. A este número, devemos adicionar as pessoas que serão necessárias para cuidar dos doentes com Alzheimer e outras formas de demência.
Este aumento antecipado no número de pessoas com demência constitui um enorme desafio para toda a nossa comunidade, exigindo uma resposta imediata, “agressiva” e coordenada.
É por todas estas razões que afirmamos que a Doença de Alzheimer (e as outras demências) é uma doença que nos “afeta a todos”. E por isso precisamos da ajuda de todos para a prevenir e combater!
Joaquim Ferreira
Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa