Alunos de Medicina da FMUL já podem ir estudar para o Rio de Janeiro
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Brasil


As Faculdades de Medicina da Universidade de Lisboa e da Universidade Federal do Rio de Janeiro abriram portas para estabelecer um intercâmbio curricular bidirecional.

Prof. Joaquim Ferreira“Neste momento estamos prontos para dar o passo de mobilidade curricular, os alunos podem fazer parte do seu curso, seja um semestre ou o ano inteiro, no Rio de Janeiro. E podem fazê-lo já a partir de fevereiro deste ano”, quem o afirma é o Professor Joaquim Ferreira, Presidente do Conselho Pedagógico.
Para quem vier a atravessar o Atlântico saiba que para já não poderá contar com financiamentos, à imagem do que já acontece com o programa Erasmus, “mas a tentativa é que se evolua para tal”, diz-nos o Professor Joaquim Ferreira.
O Brasil abre agora, em fevereiro, o seu ano académico, havendo assim ligeiras discrepâncias de calendário o que deve ser levado em conta pelos alunos, não alterando com isso a capacidade de gerir esta formação entre países.
Para já sem limite de vagas estabelecido, as duas Faculdades aguardam para ver chegar os primeiros alunos.

A Faculdade de Medicina tem anualmente mais de 100 alunos em mobilidade, maioritariamente para fora do país, mas ao abrigo do programa Erasmus, quer para fazer estudos (alunos do 4º e 5º anos que vão fazer disciplinas), quer para estágios (alunos do 6º ano que vão fazer estágios clínicos).

Professor e Coordenador do Núcleo de Cooperação Internacional, João Forjaz Lacerda, reforça a importância destes processos de mobilidade como Professor Forjaz Lacerdamovimentos acarinhados e orientados pela Faculdade. “Esta nova parceria enquadra-se já numa tradição muito ampla de mobilidade da Faculdade e até numa colaboração muito ampla com o Brasil, em termos de estágios. O desafio aqui é não só continuar a estimular os estágios, mas também os estudos, estes menos frequentes. A nossa reunião com os Professores da UFRJ foi muito profícua, porque eles têm um plano curricular muito próximo do nosso e logo a articulação não será difícil”.
Na esperança de dar resposta a todas as dúvidas que possam surgir aos estudantes, a News@FMUL falou com os dois Professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e que acompanham o processo de mobilidade em vigor.
José Marcus Eulálio é Professor Adjunto do Departamento de Cirurgia na Universidade, especialista na área da Cirurgia Gastrointestinal e Coordenador do Programa de Intercâmbio Internacional da Faculdade de Medicina da UFRJ.
Gláucia Moraes de Oliveira é Professora de Cardiologia e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Cardiologia, bem como membro do Programa de Intercâmbio Internacional da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Glaucia MoraesQue vantagens encontra um aluno nosso em ir para a UFRJ?
A UFRJ é a mais tradicional Universidade Federal do Brasil, tendo sido a primeira a ser fundada no país. Sua Faculdade de Medicina é reconhecida pela excelência dos seus cursos e atrai alunos de todos os estados da federação. O concurso anual de admissão, pela alta competitividade, seleciona um corpo discente diferenciado e reconhecido por sua capacidade intelectual e dedicação ao estudo da Medicina. Os alunos da Faculdade de Medicina da UFRJ constroem mutuamente um ambiente de questionamento e criatividade, onde o aspeto humanístico da prática médica pode ser conciliado com os desafios científicos e sociais que buscam a compreensão integrada do paciente, sua doença e sua relação com a sociedade. O Rio de Janeiro é historicamente ligado a Lisboa e sua arquitetura, gastronomia e clima convidam o aluno português a se sentir em sua própria terra. Enfim, para o intercambista é uma vivência rica em conceitos, atitudes e iniciativas que caracterizam a boa prática e dão ao postulante a dimensão científica e cultural das raízes comuns que unem Portugal e o Brasil.

Quais as vossas expetativas nesta parceria entre Instituições?
Formar profissionais com conhecimentos técnico-científicos sólidos e atualizados, atitude ética e humanística e conceção abrangente dos determinantes e condicionantes de saúde na sociedade, comprometidos com a saúde dos indivíduos, das famílias e da coletividade, em todos os níveis de atenção, para atuar no cuidado, na pesquisa e na administração em saúde em prol da qualidade de vida.
A expetativa é intercambiar, a cada ano letivo, 4 estudantes de cada escola, 2 estudantes por semestre, para promover a educação integral do estudante, buscar e ampliar os conhecimentos e preservar e difundir a cultura, em benefício do corpo social de ambas as partes. O número de estudantes poderá aumentar em comum acordo entre as partes.

Como funciona o vosso calendário académico?
prof. Jose MarcusNos três primeiros semestres o aluno cursa os Internatos Rotatórios nas sete áreas de conhecimento obrigatórias, a saber: Clinica Médica, Cirurgia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental. Saúde da Família e da Comunidade e Saúde Coletiva, em períodos de treinamento de 40 horas semanais, por 12 semanas em cada área, à exceção do treinamento em Saúde Coletiva que se dá de forma longitudinal em períodos de 4 horas semanais ao longo de todo o semestre, durante os três semestres.
Para organização dos semestres letivos os Internatos Rotatórios são agrupados em três blocos assim configurados:

  1. Internato Rotatório de Clínica Médica, Internato Rotatório de Cirurgia e Internato em Saúde Coletiva I;
  2. Internato Rotatório de Pediatria, Internato Rotatório de Ginecologia e Obstetrícia e Internato em Saúde Coletiva II; e
  3. Internato Rotatório de Medicina de Família e Comunidade, Internato Rotatório de Saúde Mental e Internato em Saúde Coletiva III.

No quarto semestre o aluno cursa o Internato Eletivo no qual ele opta por duas das áreas citadas anteriormente, à sua escolha, para períodos de treinamento também de doze semanas cada um.
Durante o Internato é obrigatório o treinamento em serviço de Emergência e/ou de Terapia Intensiva com carga horária de 12 horas semanais durante um semestre letivo.
O programa de estudos será objeto de um plano de estudos para os vosssos alunos.  Os estudantes da FM-UFRJ serão integrados ao currículo padrão da FM-Ulisboa e vice-versa, podendo escolher planos de estudos  que serão avaliados pelas comissões das duas universidades Várias são as disciplinas oferecidas para os vossos estudantes, como pode ser visto a seguir.

Cirurgia
EMENTA: Cirurgia geral, torácica, vascular, plástica, proctológica, urológica e neurológica. Pré e pós-operatório dos pacientes cirúrgicos. Indicações, métodos e resultados do tratamento cirúrgico das principais afeções. Patologia cirúrgica. Urgências cirúrgicas. Bases da técnica operatória. Bases da anestesia. Discernimento das afeções cirúrgicas quanto às indicações de cirurgia ou opção terapêutica clínica.

Medicina Interna III
EMENTA: Aquisição de conhecimentos acerca da etiopatogenia, do diagnóstico clínico, radiológico e anatomopatológico, da terapêutica, do prognóstico, da prevenção e da reabilitação das principais afeções digestivas, renais, metabólicas, endócrinas, dermatológicas, oncológicas e hematológicas.

Clínica Pediátrica I
EMENTA: Abordagem de temas referentes à atenção da criança saudável em suas diferentes etapas (recém-nascido, lactente, pré-escolar, escolar e adolescente) e às ações de saúde voltadas para os problemas mais frequentes na infância.

Patologia Forense
EMENTA: Estudo conceitual da morte e dos fenómenos cadavéricos. Mortes naturais e mortes violentas (criminosas, suicidas e acidentais). Aspetos legais das declarações de óbito. Traumatologia forense. Causalidade do dano. Patologia geral das lesões, incapacidades e mortes causadas por energias externas.

Ortopedia e Traumatologia
EMENTA: Patologia, clínica, tratamento e profilaxia das lesões congénitas e adquiridas mais frequentes e/ou incapacitantes do aparelho locomotor. Implicações psicossociais e éticas.

Psiquiatria e Saúde Mental
EMENTA: Capacitar o aluno para valorizar sua participação no campo da saúde mental; estabelecer o tipo especial de relação médico-paciente que o portador de transtorno mental exige; identificar os sintomas que integram as síndromes psiquiátricas assim como a base de suas manifestações; reconhecer e saber lidar com os transtornos mentais comuns, bem como os graves, e saber encaminhar precocemente ao especialista; reconhecer e tratar quadros psiquiátricos secundários a doenças clínicas e as emergências psiquiátricas.

Obstetrícia
EMENTA: Morfofisiologia e semiologia da gravidez. Parto e puerpério. Gravidez de alto risco. Medicina fetal. Urgências Obstétricas. Parto patológico. Obstetrícia preventiva. Implicações éticas.

Ginecologia
EMENTA: Conceituar o atendimento à mulher ensinando os principais sintomas ginecológicos e relacionando os sintomas às patologias da área genital feminina.

Clínica Pediátrica II
EMENTA: Etiopatogenia, diagnóstico, tratamento, prognóstico, prevenção e reabilitação das afeções mais frequentes em pediatria.

Medicina Legal
EMENTA: Estudo das relações da Medicina com o Direito nos campos penal, civil, administrativo e ético. Uso e valorização das perícias médicas dentro desse contexto.

Doenças Infeciosas e Parasitárias
EMENTA: Aspetos microbiológicos, parasitológicos, clínicos e epidemiológicos das infeções causadas por protozoários, helmintos, fungos, bactérias e vírus. Emergências infeciosas. Acidentes por animais peçonhentos. Solicitação e interpretação de exames complementares. Utilização racional de antimicrobianos e antiparasitários. Infeções comunitárias e associadas aos cuidados de saúde. Infeções em populações especiais (gestantes, viajantes, imunocomprometidos). Profilaxia individual e coletiva.

Oftalmologia
EMENTA: Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento das principais patologias oculares do adulto e da criança. A rotina do exame oftalmológico, com ênfase na formação do médico generalista.

Otorrinolaringologia
EMENTA: Principais patologias que acometem os ouvidos, nariz, seios paranasais, faringe, laringe, cordas vocais e nervo facial e suas relações com as doenças sistêmicas.

Importa referir que este novo acordo não altera as normas já estabelecidas para todos os estudantes brasileiros que procuram equivalência nas faculdades de Medicina de Portugal.
Anualmente a FMUL recebe uma média de 6 estudantes estrangeiros por ano, uma das condições é que saibam português e estejam certificados como tal. Sem barreiras linguísticas e com as pontes estabelecidas, está oficialmente aberta a mobilidade entre Portugal e Brasil, entre a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para todos os alunos portugueses que queiram mais esclarecimentos, basta contactar o Núcleo de Cooperação Internacional.

JoanaSousa
Equipa Editorial