A visão do Professor Luís Graça sobre a vacinação em Portugal
Share

 

Luís Graça, Professor da FMUL e investigador no Instituto de Medicina Molecular (iMM), esteve presente na SIC Notícias, onde falou sobre a esperança que o processo de vacinação traz para o fim desta pandemia.

Conforme o investigador, os prazos entre a primeira e a segunda toma da vacina devem ser respeitados, visto que, “as autoridades que regulam os medicamentos têm que ter em consideração, aquilo que é conhecido dos ensaios. Ou seja, a toma dos medicamentos testados, obedece a condições de risco e benefício já demonstradas no ensaio, assumindo assim a premissa que há “recomendações sobre qual o momento ótimo para administração da vacina”.

O Professor afirma ainda que, perante uma pandemia, que pode levar a condições muito adversas, “e em Portugal nós estamos assistir a um momento muito difícil”, pode existir a necessidade de alterar os prazos de administração da vacinação, ou seja, “que nos afastemos da recomendação ideal. Isto comporta sempre alguns riscos, porque se nós nos afastamos do momento que foi estudado, temos menos certeza sobre qual é o efeito dessa vacina”.

Questionado sobre a importância de dar início à vacinação das pessoas com mais de 50 anos, desde que tenham uma das quatro doenças de risco, e, também, os que têm mais de 80 anos, Luís Graça, considera muito importante que o processo arranque, visto que, “70% da mortalidade está associada a pessoas acima dos 80 anos”.

Destaca que, as pessoas abaixo dos 50 anos e que tem igualmente uma doença grave devem também ser priorizadas.

Refere ainda que, de todas as pessoas que morrem no nosso país, mais de 40%, têm a doença renal grave ou uma doença cardíaca associada. Há também casos que podem incluir as duas doenças em simultâneo.

Segundo o Professor, o mais importante neste momento, é discutir como é que “nós conseguimos conduzir uma vacinação e proteção rápidas dos grupos mais vulneráveis”, visto que, assistimos, desde o início de Janeiro, a uma pressão enorme no Sistema Nacional de Saúde, no nosso país, onde as doenças têm um grande impacto, nomeadamente, nos cuidados intensivos e nos internamentos, áreas onde se verificam maior mortalidade.

Questionado sobre um possível surto, já depois da primeira toma da vacina, Luís Graça refere que tem sido uma situação comum, porque os anticorpos demoram cerca de sete dias a estarem numa quantidade abundante, o que significa que, “nas duas primeiras semanas após a vacinação, não há qualquer proteção. A proteção começa no fim destas duas semanas” e, por essa razão, é possível que algumas pessoas voltem a contrair a COVID-19.