Prof. Miguel Castanho avalia a situação epidemiológica do país agravada pela escalada de casos de Covid-19
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homem e mulher em entrevista de televisão

Em entrevista à TVI 24, Miguel Castanho, Professor da FMUL e Investigador Principal do iMM, afirmou que a “nova variante já está espalhada por todo o mundo”, reconhecendo que “os novos casos que estão a surgir agora podem estar relacionados com o Natal, e isso bate certo com o período que medeia a infeção e o aparecimento dos primeiros sintomas”, explicou.

Por sua vez, os casos de internamentos e vítimas estão relacionados com o período que antecedeu a época do Natal, “pelo que, infelizmente, teremos um agravamento da situação nos próximos dias e vamos entrar também, no período em que teremos os primeiros casos dos infetados durante as festas de passagem de ano”, adiantou o Professor.

Com a certeza de que entramos no início de um “período crítico”, que se estenderá pelas próximas semanas, Miguel Castanho comentou o impacto da nova variante do vírus, detetada no Reino Unido, na subida exponencial de casos de Covid-19. “Essa é uma grande incógnita, ou seja, se estamos a somar ao efeito das festividades do Natal e fim de ano, o efeito da nova variante. Vão ser precisos estudos e mais rastreio para termos uma ideia mais clara do que está a acontecer, mas não podemos excluir essa hipótese, porque é de facto muito mais contagiosa que outras”, declarou o investigador, aludindo aos casos dessa infeção registados no Japão através de viajantes oriundos do Brasil.

Segundo Miguel Castanho, esta nova variante altamente infecciosa “vai sobrepor-se a todas as outras”.

homem em entrevista de tv

Quando questionado acerca do novo confinamento geral como a resposta possível diante de uma situação epidemiológica sem precedentes no nosso país, Miguel Castanho entende que “quando se atinge uma situação muito grave […] há uma linha muito ténue que separa esse tipo de situações do descalabro total e, nesse ponto, é necessário tomar medidas que sejam muito rápidas e eficazes, o que significa que, na falta de outra hipótese, um confinamento total ou parcial”.

Foi na qualidade de Professor, que Miguel Castanho afirmou compreender “que se pondere a possibilidade de não se encerrar as escolas, porque o sacrifício social, cultural e de formação é enorme”, citou.

Entende ainda que, “estamos a sacrificar uma geração inteira ao encerras as escolas”, realçando que o “ensino à distância não é a mesma coisa”.

Esta é, portanto, uma decisão “extremamente difícil”, na opinião do Professor, já que “aquilo que a escola representa na sociedade é infinitamente mais do que meramente atividade económica”, o que faz pesar de forma substancial ambos os pratos da balança, numa situação que obriga a contenção máxima.

Miguel Castanho concluiu a entrevista com uma análise às vacinas e à evolução da terapêutica da Covid-19, referindo a existência de “dois medicamentos, que tinham sido desenvolvidos para a artrite reumatoide, mas que têm aplicação e eficácia na Covid-19, e podem ajudar a salvar vidas e a reduzir o tempo de internamento […], baseados em tecnologia de anticorpos”. Um anúncio promissor que nos chega por parte das autoridades de saúde do Reino Unido, um país que está a sofrer um abalo muito forte com a atual pandemia, mas “também é um país produtor de Ciência e tecnologia”, onde ambas “são muito valorizadas”, salientou o Professor.

Saiba mais detalhes e aceda AQUI à entrevista na íntegra.