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III Sessão NeuroSeS
A terceira sessão dos encontros-almoço NeuroSeS (Neurociências de Translação), decorreu no passado dia 9 de Julho e contou com a participação de 60 pessoas.
A discussão versou sobre o tema “Spinal cord injury: what can we learn for animal models?” apresentado pela investigadora Leonor Saúde.
Em humanos, e nos mamíferos em geral, as lesões medulares espinhais podem ter consequências devastadoras devido à importância da medula espinhal para as actividades do dia-a-dia como andar, mas também devido à sua incapacidade de regenerar, levando a incapacidades permanentes. Em claro contraste, a medula espinhal do peixe-zebra tem a capacidade notável de recuperar de lesões severas, permitindo que o peixe volte a nadar.
Em mamíferos e no peixe-zebra, a lesão da medula promove a proliferação de células que residem na região ependimal. No peixe-zebra estes progenitores ependimais proliferativos conseguem substituir todos os tipos celulares perdidos com a lesão. Por oposição, as células correspondentes em mamífero dão origem quase exclusivamente a astrócitos que incorporam a cicatriz glial, sendo incapazes de formar oligodendrócitos ou neurónios. Contudo, estes progenitores ependimais de mamíferos são capazes de se auto-renovar e diferenciar em múltiplos tipos celulares quando colocados em cultura in vitro Assim, o micro-ambiente da medula espinhal dos mamíferos parece suprimir a diferenciação neuronal, enquanto a medula espinhal do peixe-zebra a suporta Além disso, a maioria dos axónios cortados volta a crescer em peixe-zebra, mas não em mamíferos, em parte devido também à cicatriz glial.
Reconhecemos o micro-ambiente celular como um agente maior na regeneração da medula e discutimos o papel da inflamação, da re-vascularização, das células endoteliais e seus factores angiócrinos, e da matrix extracelular como moduladores potenciais do microambiente pró-regenerativo.
Discutimos ainda a possibilidade de usar as pequenas larvas de peixe-zebra para testar um número elevado de moléculas e selecioná-las com base na sua capacidade de acelerar a regeneração da medula espinhal. Apresentámos evidências de como o uso deste pequeno animal, quando combinado com estratégias de reposicionamento de fármacos, tem o potencial de acelerar o período desde a descoberta de novos alvos terapêuticos até ao seu uso clínico.
O tema foi discutido na sessão, tendo a discussão sido amplamente enriquecida pelos diferentes investigadores presentes, entre os quais se encontravam investigadores de ciências fundamentais e das diferentes áreas clínicas e clínicos da área das neurociências e estudantes dos vários níveis académicos.
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Fontes de informação adicional:
Spinal cord repair: advances in biology and technology.
Nat Med. 2019 Jun;25(6):898-908. doi: 10.1038/s41591-019-0475-6.
Reduce, reuse, recycle - Developmental signals in spinal cord regeneration.
Dev Biol. 2017 Dec 1;432(1):53-62. doi: 10.1016/j.ydbio.2017.05.011.
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A organização destes encontros é da responsabilidade de Luísa Lopes e Cláudia Faria e conta com o apoio da Roche.
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