Eventos
II Congresso Nacional de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde
A nossa Faculdade acolheu no dia 5 de Julho no Edifício Egas Moniz o II Congresso Nacional de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde “Relação e Comunicação em Cuidados de Saúde” e foi representada por vários órgãos: Direção, Conselho Pedagógico, Departamento de Educação Médica, Associação de Estudantes e coordenador do Núcleo de Ensino e Investigação de Competências de Comunicação e Relação (NEICCR) que presidiu ao Congresso no qual participaram representantes, docentes e investigadores de todas as escolas médicas nacionais e de algumas escolas de saúde afins numa perspetiva de profícua colaboração interdisciplinar.
Este evento científico que ocorre pela primeira vez na nossa Faculdade coincide com um ano letivo em que, de forma pioneira no panorama nacional, foi possível levar à prática um plano curricular transversal de comunicação/relação ao longo de todos os anos do curso pré-graduado, cuja fundamentação foi desenvolvida e apresentada a toda a Escola através da publicação Medicina Centrada na Relação: Contributos para a Educação Médica elaborada como documento de apoio à reforma do ensino clínico em curso.
O ensino das competências de comunicação é considerada por inúmeros documentos internacionais uma componente essencial da educação médica e, nos últimos anos, verifica-se um interesse crescente por este tema pelas várias escolas, que o têm vindo a integrar gradualmente, através de diversas metodologias de ensino e de avaliação do desempenho dos estudantes com métodos que englobam a dimensão comportamental da interação estudante-doente, a par dos conhecimentos teóricos.
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa tem sido pioneira, a nível nacional, na promoção de atividades de formação em comunicação, nomeadamente com o workshop pós-graduado sobre perícias de comunicação (1982), realizado na Clínica Universitária de Psiquiatria, integrando vários professores da nossa Faculdade, e com várias edições, e mais tarde, nos cursos livres de Cuidados Terminais (desde 2002) e Ética Relacional (desde 2007) e no Mestrado em Cuidados Paliativos (desde 2002).
No âmbito do ensino pré-graduado de referir ainda a integração do módulo de comunicação na disciplina de Introdução à Medicina, desde 1998, para além de múltiplas intervenções utilizando a modalidade de simulação de papéis nas disciplinas da área da Saúde Mental. Tem sido possível aperfeiçoar um modelo pedagógico próprio baseado no conceito de Medicina Centrada na Relação. No domínio científico, a investigação realizada nesta área tem-se focado, essencialmente, em cinco linhas: (a) atitudes de comunicação nos estudantes e profissionais de saúde; (b) literacia em saúde; (C) emoção e empatia; (d) experiência da doença; e (e) avaliação do impacto de programas de formação em competências de comunicação e relação. Esta última linha de investigação tem envolvido a avaliação experimental comparativa de várias metodologias, a criação e a validação de sistemas de codificação e instrumentos de avaliação das competências de comunicação, já amplamente divulgados em fóruns científicos e publicações nacionais e internacionais.
Na nossa Escola foi já possível integrar em vários anos do curso pré-graduado a prática de comunicação/relação de estudantes com atores (representando doentes simulados) com vídeo-gravação e autoscopia para além do feedback presencial construtivo no terceiro ano (Introdução à Clínica) e a utilização de simulação de papéis entre alunos e alunos-docentes no 1º ano (Introdução à Medicina), no 3º ano (Saúde Mental), ambos com avaliação obrigatória vivencial, e no 4º ano (Psiquiatria) através de um OSCE, com satisfação generalizada dos alunos. Na perspetiva de uma Medicina Centrada na Relação considera-se que não há um bom diagnóstico nem um bom controlo sintomático sem uma comunicação eficaz assim como não há qualidade assistencial sem qualidade relacional compassiva, e que estas competências podem e devem ser treinadas e reiteradamente avaliadas ao longo do curso.
O NEICCR que foi coorganizador desta iniciativa com a SP3CS - Sociedade Portuguesa de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde (integrando também a sua direção) apresentou, neste congresso, as suas atividades formativas específicas e o resultado de várias investigações, bem como as iniciativas que tem vindo a desenvolver com os alunos de vários anos no âmbito da literacia em saúde e as parcerias com outras escolas no âmbito dos objetivos do congresso e da SP3CS no sentido de promover o desenvolvimento de competências de comunicação nos cuidados de saúde e de fomentar a investigação na área de comunicação clínica e de divulgar boas práticas comunicacionais.
Realizaram-se três painéis plenários respetivamente sobre: Ensino da relação e comunicação clínica; Relação e comunicação na prática clínica; e Comunicação clínica em cuidados de saúde em Portugal. Decorreram também várias sessões paralelas sobre: Relação e empatia; A perspetiva do doente; Comunicação e tecnologia; e Comunicação e ensino.
No dia 6 realizaram-se quatro workshops pedagógicos sobre: Práticas de comunicação/relação em cuidados paliativos (FMUL); Como transformar uma consulta difícil num desafio estimulante (FMUP), Entrevista motivacional (UBI); e A skill-based approach to persuasion in health promotion assegurado pela Prof.ª Sara Rubinelli do Department of Health Sciences and Health Policy da University of Lucerne e Swiss Paraplegic Research Switzerland, atual presidente da EACH: International Association for Communication in Healthcare - na qual a SP3CS está integrada - e que que proferiu também a conferência de abertura “Health promotion in information society: Challenges for health communication” moderada pelo Prof. António Vaz Carneiro.
Pode-se afirmar que foi bem ressaltada, neste evento muito participado, a relevância e o papel do processo comunicacional/relacional no desenvolvimento de um relação clínica, na eficácia do ato médico e na prevenção do erro. Foi também reafirmada a necessidade de ensinar, desenvolver, treinar e criar competências para uma comunicação/relação eficiente através do desenho de unidades curriculares de comunicação/relação clínica, ao longo de todo o percurso formativo (pré e pós-graduado) do profissional de saúde, adequadas ao contexto das diferentes escolas, capazes de influenciar decisivamente a capacidade de comunicação/relação dos futuros médicos nos diferentes contextos de exercício profissional na comunicação com doentes (garantindo o melhor cuidado), na prática intra/inter-profissional nas equipas de saúde (otimizando recursos) mas também na esfera pública (promovendo saúde e bem-estar) numa perspetiva sistémica atual do ensino do futuro médico como agente de liderança, transformação e mudança nos sistemas de saúde, no ensino e na sociedade.
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Prof. Doutor António Barbosa
Clínica Universitária de Psiquiatria
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
Este evento científico que ocorre pela primeira vez na nossa Faculdade coincide com um ano letivo em que, de forma pioneira no panorama nacional, foi possível levar à prática um plano curricular transversal de comunicação/relação ao longo de todos os anos do curso pré-graduado, cuja fundamentação foi desenvolvida e apresentada a toda a Escola através da publicação Medicina Centrada na Relação: Contributos para a Educação Médica elaborada como documento de apoio à reforma do ensino clínico em curso.
O ensino das competências de comunicação é considerada por inúmeros documentos internacionais uma componente essencial da educação médica e, nos últimos anos, verifica-se um interesse crescente por este tema pelas várias escolas, que o têm vindo a integrar gradualmente, através de diversas metodologias de ensino e de avaliação do desempenho dos estudantes com métodos que englobam a dimensão comportamental da interação estudante-doente, a par dos conhecimentos teóricos.
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa tem sido pioneira, a nível nacional, na promoção de atividades de formação em comunicação, nomeadamente com o workshop pós-graduado sobre perícias de comunicação (1982), realizado na Clínica Universitária de Psiquiatria, integrando vários professores da nossa Faculdade, e com várias edições, e mais tarde, nos cursos livres de Cuidados Terminais (desde 2002) e Ética Relacional (desde 2007) e no Mestrado em Cuidados Paliativos (desde 2002).
No âmbito do ensino pré-graduado de referir ainda a integração do módulo de comunicação na disciplina de Introdução à Medicina, desde 1998, para além de múltiplas intervenções utilizando a modalidade de simulação de papéis nas disciplinas da área da Saúde Mental. Tem sido possível aperfeiçoar um modelo pedagógico próprio baseado no conceito de Medicina Centrada na Relação. No domínio científico, a investigação realizada nesta área tem-se focado, essencialmente, em cinco linhas: (a) atitudes de comunicação nos estudantes e profissionais de saúde; (b) literacia em saúde; (C) emoção e empatia; (d) experiência da doença; e (e) avaliação do impacto de programas de formação em competências de comunicação e relação. Esta última linha de investigação tem envolvido a avaliação experimental comparativa de várias metodologias, a criação e a validação de sistemas de codificação e instrumentos de avaliação das competências de comunicação, já amplamente divulgados em fóruns científicos e publicações nacionais e internacionais.
Na nossa Escola foi já possível integrar em vários anos do curso pré-graduado a prática de comunicação/relação de estudantes com atores (representando doentes simulados) com vídeo-gravação e autoscopia para além do feedback presencial construtivo no terceiro ano (Introdução à Clínica) e a utilização de simulação de papéis entre alunos e alunos-docentes no 1º ano (Introdução à Medicina), no 3º ano (Saúde Mental), ambos com avaliação obrigatória vivencial, e no 4º ano (Psiquiatria) através de um OSCE, com satisfação generalizada dos alunos. Na perspetiva de uma Medicina Centrada na Relação considera-se que não há um bom diagnóstico nem um bom controlo sintomático sem uma comunicação eficaz assim como não há qualidade assistencial sem qualidade relacional compassiva, e que estas competências podem e devem ser treinadas e reiteradamente avaliadas ao longo do curso.
O NEICCR que foi coorganizador desta iniciativa com a SP3CS - Sociedade Portuguesa de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde (integrando também a sua direção) apresentou, neste congresso, as suas atividades formativas específicas e o resultado de várias investigações, bem como as iniciativas que tem vindo a desenvolver com os alunos de vários anos no âmbito da literacia em saúde e as parcerias com outras escolas no âmbito dos objetivos do congresso e da SP3CS no sentido de promover o desenvolvimento de competências de comunicação nos cuidados de saúde e de fomentar a investigação na área de comunicação clínica e de divulgar boas práticas comunicacionais.
Realizaram-se três painéis plenários respetivamente sobre: Ensino da relação e comunicação clínica; Relação e comunicação na prática clínica; e Comunicação clínica em cuidados de saúde em Portugal. Decorreram também várias sessões paralelas sobre: Relação e empatia; A perspetiva do doente; Comunicação e tecnologia; e Comunicação e ensino.
No dia 6 realizaram-se quatro workshops pedagógicos sobre: Práticas de comunicação/relação em cuidados paliativos (FMUL); Como transformar uma consulta difícil num desafio estimulante (FMUP), Entrevista motivacional (UBI); e A skill-based approach to persuasion in health promotion assegurado pela Prof.ª Sara Rubinelli do Department of Health Sciences and Health Policy da University of Lucerne e Swiss Paraplegic Research Switzerland, atual presidente da EACH: International Association for Communication in Healthcare - na qual a SP3CS está integrada - e que que proferiu também a conferência de abertura “Health promotion in information society: Challenges for health communication” moderada pelo Prof. António Vaz Carneiro.
Pode-se afirmar que foi bem ressaltada, neste evento muito participado, a relevância e o papel do processo comunicacional/relacional no desenvolvimento de um relação clínica, na eficácia do ato médico e na prevenção do erro. Foi também reafirmada a necessidade de ensinar, desenvolver, treinar e criar competências para uma comunicação/relação eficiente através do desenho de unidades curriculares de comunicação/relação clínica, ao longo de todo o percurso formativo (pré e pós-graduado) do profissional de saúde, adequadas ao contexto das diferentes escolas, capazes de influenciar decisivamente a capacidade de comunicação/relação dos futuros médicos nos diferentes contextos de exercício profissional na comunicação com doentes (garantindo o melhor cuidado), na prática intra/inter-profissional nas equipas de saúde (otimizando recursos) mas também na esfera pública (promovendo saúde e bem-estar) numa perspetiva sistémica atual do ensino do futuro médico como agente de liderança, transformação e mudança nos sistemas de saúde, no ensino e na sociedade.
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Prof. Doutor António Barbosa
Clínica Universitária de Psiquiatria
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa