Uma das iniciativas mais importantes do Serviço da Pediatria, que reúne profissionais e temas pertinentes, realizou-se durante os dias 23 e 24, na FMUL, no Edifício Egas Moniz.
No primeiro dia houve uma sessão de abertura formal com Ana Paula Lopes, Diretora do Serviço de Pediatria do CHULN, Ana Paula Martins, Presidente do Conselho de Administração do CHULN, João Eurico Cabral da Fonseca, Diretor da FMUL, Fernando Pereira em representação do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos e Francisco Abecasis em representação do Colégio de Pediatria.
Na sua mensagem de abertura, a Diretora de Serviço de Pediatria e responsável pela organização das Jornadas de Pediatria, destacou os desafios da Especialidade que, concentrando 13 áreas funcionais, fazem deste serviço um pequeno hospital dentro de um grande hospital.
Continuar a prestar um bom serviço aos utentes, garantindo a excelência de procedimentos e garantindo ao mesmo tempo a evolução de conhecimento dos profissionais, com a introdução de mais e melhores equipamentos e de novos procedimentos, foram desejos que ficaram vincados. A Construção de um Centro Ambulatório e o desenvolvimento da Cardiologia e da Cirurgia Pediátrica foram também salientados como projetos futuros de uma equipa que é constituída por cerca de 400 profissionais.
Nestas jornadas falou-se ainda da importância dos protetores solares, tabagismo, do meio ambiente, cancro de pele e peles atópicas, sobre o olhar sempre atento de uma das maiores referências da pediatria nacional o Professor João Gomes Pedro, destacado pelos seus pares que falaram “num Departamento cheio de tradição”, este da Pediatria nos CHULN.
“O Presente e Futuro da Investigação em Pediatria, o Papel dos Centros Académicos” foi um dos temas abordados pelo convidado Jorge Correia-Pinto, cirurgião pediátrico que destacou a existência dos Centros Académicos como importantes locais de partilha de experiências e conhecimento. Numa época em que a ciência evoluiu com o contributo de várias áreas, é cada vez mais importantes que profissionais de vários ramos, que se complementam, possam trabalhar mais próximos, para colmatar necessidades. Investigadores, clínicos, engenheiros, todos juntos permitem um avanço mais célere. “Um centro académico é um fórum que facilita a partilha de conhecimento. Promove o treino pós-graduado e há a melhoria de skills, porque as parcerias interdisciplinares facilitam a investigação e a inovação”, conclui.
Numa rúbrica muito aplaudida “Conta-me como foi, conto-te como é”, foram convidados Paulo M. Ramalho e Rita Jotta, ambos médicos que relataram a sua experiência. Separados por uma linha temporal, cada um falou sobre as dificuldades e os avanços da medicina na área particular das doenças metabólicas.
Depois de comparadas as duas realidades, foi possível perceber que a ciência não para e isso permitiu encurtar tempos de espera quer para a realização de diagnósticos, quer para a concretização de análises ou exames. Alguns acreditam mesmo que a evolução vivida nos últimos 30 anos é irrepetível.
O SARS-CoV2 foi também tema.” O que podemos controlar e que dúvidas persistem?” foi a conversa desenvolvida por José Gonçalo Marques a quem se seguiu Teresa Bandeira que abordou o tema “Vírus Sincicial Respiratório”, responsável pelo boom das urgências pediátricas nos meses do inverno.
Quando os jogos e o telemóvel deixam de ser lazer e passam a ser um vício, ou a influência dos écrans na visão, foram também abordados, deixando alguns conselhos importantes para deteção do problema.
De seguida, “Cuidados Paliativos Pediátricos: O Hospital Cuida em Casa”, com Celeste Barreto e Sérgio Amadeu como moderadores.
O papel da alimentação, a importância do exercício físico e os suplementos foram também abordados no último dia de manhã. Ana Lúcia Silva deu um retrato dos jovens e da sua relação com o desporto. 80 por cento dos jovens na Europa são inativos e em Portugal, 50 por cento têm uma atividade desportiva, mas são sedentários.
Rapazes e raparigas têm um desenvolvimento diferente o que condiciona a predisposição para a prática desportiva.
As raparigas com o desenvolvimento morfológico mais rápido do que os rapazes e acumulação de mais gordura, sobretudo na região dos quadris, revelam tendência para restrições alimentares. Os rapazes com mais desenvolvimento de massa muscular revelam mais força e necessidade de ingestão de alimentos mais ricos em energia.
Falou-se na doença celíaca e na intolerância ao glúten, mas também de que forma esta “intolerância” se está a tornar uma moda. As marcas e os lobbies estão a influenciar de tal maneira as escolhas da população que os grupos que optam por alimentos sem glúten tem vindo a aumentar e a tendência mantem-se. Mas este aumento tem consequências na saúde pública. Dietas sem glúten são ricas em gorduras saturadas e pobres em fibras.
Dora Estevens Guerreiro
Equipa Editorial