Entre decorações para a casa, prendas para dar e receber e comida para a mesa de Natal, os nossos níveis de consumo durante esta época festiva aumentam, e com eles, aumenta igualmente o impacto que exercemos sobre o meio ambiente.
Juntando a tradição à preocupação de que não falte nada na mesa, é fácil exceder-se na ida às compras, cozinhando mais comida do que seria necessário e servindo os convidados em demasia. O desperdício alimentar e o consumo excessivo, designadamente de produtos de origem animal, encontram-se no centro do nosso impacto ambiental ao longo do ano e em particular nesta época.
Alguns factos
Sabia que…
Todos os alimentos que consumimos apresentam uma pegada ecológica associada ao seu ciclo de vida?
Os impactos ambientais multiplicam-se desde a produção até ao nosso prato?
É estimado que cerca de ¼ de todas as emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera seja da responsabilidade da indústria alimentar?
- o consumo alimentar é a fase da cadeia alimentar que mais contribui para a pegada de carbono?
Cerca de 1/3 de todos os géneros alimentícios produzidos globalmente são desperdiçados (1,3 biliões de toneladas por ano)?
Dados relativos aos EUA mostram um aumento em 25% do desperdício alimentar durante as épocas festivas?
Este desperdício é responsável por 8 a 10% dos gases de efeito de estufa que são enviados para a atmosfera?
- Se o desperdício alimentar fosse um país, seria o 3º país com mais emissões de gases de efeito de estufa?
- 20% dos 263 milhões de toneladas/ano de carne produzidos no mundo são perdidos ou desperdiçados?
- Os produtos de origem animal que são consumidos em Portugal em quantidades três vezes superiores às necessidades, são os que maior pegada ecológica apresentam, contrariamente aos produtos de origem vegetal?
– A produção de 1kg de proteína proveniente da carne de vaca, provoca a libertação de mais gases de efeito de estufa do que um passageiro a viajar de avião entre as cidades de Londres e Nova York?
Podemos pensar numa Dieta Sustentável?
Sim, porque…
- Apresenta um baixo impacto ambiental;
- Contribui para a segurança alimentar e nutricional da população, pensando não apenas no presente, mas também no futuro da alimentação e do planeta;
- Respeita e protege a biodiversidade e os ecossistemas;
- É culturalmente aceite;
- Economicamente justa e acessível à população;
- Nutricionalmente segura e adequada;
- E otimiza os recursos naturais e humanos.
Então, como podemos planear um Natal sustentável?
1. Pensado e servindo as refeições em conformidade com as recomendações da Dieta Mediterrânica
- A Dieta Mediterrânea é um excelente modelo de sustentabilidade alimentar;
- Opte por ocupar ¾ do prato com produtos de origem vegetal e limitar a ¼ os produtos de origem animal, como ilustrado na imagem;
- Pode até optar por incluir ou mesmo substituir a proteína animal por fontes de proteína vegetal, como as leguminosas;
2. Preferindo alimentos locais e da época
- Produzidos na proximidade tendo, por essa razão, uma cadeia de distribuição curta;
- Ajuda a promover a economia da região e minimiza a pegada de carbono associada ao transporte de alimentos;
- Alimentos sazonais ou da época que são produzidos na época do ano apropriada, e podem apresentar melhores características organoléticas e nutricionais com um custo económico e ambiental inferior ao dos alimentos consumidos fora da época. Neste link poderá consultar as frutas e hortícolas sazonais em qualquer país da europa.
3. Realizando uma lista de compras e adquirindo apenas os alimentos que serão consumidos
- O planeamento prévio das compras é imprescindível! A razão pela qual voltamos das compras com quantidades excessivas de alimentos ou até com produtos que acabamos por não usar é, muito frequentemente, a inexistência de um planeamento;
- Antes de sair de casa, faça uma lista com os alimentos que efetivamente precisa, privilegiando alimentos locais e da época, nas quantidades que serão necessárias;
- No supermercado, mantenha-se fiel a esta lista;
- Não vá fazer as suas compras sem fazer uma refeição antes. ir às compras com fome poderá ser um princípio para cumprir esta tarefa sem sucesso. Evite!
4. Acondicionando os alimentos corretamente
O que precisa de ter em mente e não esquecer:
- dê prioridade aos produtos que precisam de ser refrigerados e armazene-os na prateleira do frigorífico apropriada de acordo com as variações de temperatura;
- caso tenha comprado algum produto em excesso, considere dividi-lo em porções e congelar;
- tenha atenção aos prazos de validade e siga a regra “primeiro a expirar, primeiro a sair”;
Assim, esperamos, contribuir para a reflexão sobre este assunto e planificação de um Natal mais sustentável este ano!
Mais
Já sabemos como planear um Natal mais sustentável. E se, mesmo assim, existirem sobras alimentares?
Pondo em prática o conhecimento sobre como planear um Natal mais sustentável, é possível que a quantidade de alimentos adquiridos e preparados este ano seja mais adequada ao número e apetite dos convidados, do que nos anos anteriores. Ainda assim, cozinhar uma refeição tradicional de uma época festiva para um grupo de pessoas maior que o habitual, não é tarefa fácil, sendo provável que possa existir a necessidade de lidar com algumas sobras.
Como podemos gerir essas sobras da melhor forma?
1. Partilhando com os convidados
- Distribua as sobras alimentares pelos familiares e amigos que se juntaram para a celebração
- Lembre os convidados da possibilidade de restarem algumas sobras alimentares e incentive-os a trazer um recipiente onde possam transportar algumas porções para os dias seguintes.
2. Consumindo nos dias que se seguem ou congelando
- Sobras no frigorífico significam dia livre na cozinha. Aproveite o que sobrou para as refeições do(s) dia(s) seguinte(s);
- No caso de não prever consumir no imediato (até 3 dias) opte por congelar;
Sugestão: Congele por doses individuais, marque o recipiente com a data de congelação e, por questões de palatabilidade, consuma-as num espaço de 3 meses. A forma mais adequada para a descongelação dos alimentos é transferir da congelação para a refrigeração (frigorífico) e deixar descongelar gradualmente. Tenha em conta a necessidade de tempo de descongelação de acordo com a refeição que quer compor com as sobras colocadas a descongelar!
3. Utilizando os alimentos para receitas diferentes
- Transforme as sobras em refeições diferentes, incorporando os alimentos em novas receitas.
Fonte: Alimentação Inteligente - coma melhor, poupe mais. Direção-Geral da Saúde e Edenred Portugal. 2012.
Para ideias de receitas, sugerimos que consultem estes e-books:
Natal saudável com zero desperdício
Receitas com desperdícios e sobras da Ceia de Natal
4. Doando a quem possa beneficiar
- Partilhe as sobras alimentares com amigos, vizinhos, ou instituições de solidariedade que, na sua comunidade local, prestem apoio a quem possa beneficiar.
- A Refood é um exemplo de um movimento que trabalha no combate ao desperdício alimentar, através da recolha de alimentos e refeições e posterior distribuição dos mesmos. Consulte aqui o núcleo mais próximo de si.
Fonte: https://re-food.org/
Dora Estevens Guerreiro
Equipa Editorial