RAUCH, François Antoine, 1762-1837
Harmonie hydro-végétale et météorologique : ou recherches sur les moyens de recréer avec nos forêts la force des températures et la régularité des saisons par des plantations raisonnées / par F.A. Rauch. - Paris : chez les frères Levrault, An X de la République [1802]. - 2 vol. ; 20 cm. – Cota da Biblioteca-CDI : RES. 1569 A
Primeira edição de uma das primeiras obras de política de ordenamento do território, escrita como um manifesto ecológico. - Legado de Simão José Fernandes
Trata-se de uma primeira edição de uma das primeiras obras a expressar preocupações de teor ecológico, mais que nunca na ordem do dia.
A obra de François Antoine Rauch teoriza, já nesta altura, a influência dos solos e da vegetação sobre o clima. Rauch funda e dirige o periódico Annales Européennes de Physique Végétale et d'Économie Publique (1821-1827).
Na França do período revolucionário (no pé de imprensa podemos ler «An X de la Republique», ou seja, 1802, no calendário revolucionário), como por toda a Europa ocidental, a demanda de solo cultivável levava o homem, desde há séculos, a desbravar as grandes massas florestais, sem quaisquer preocupações de teor a que pudéssemos, hoje, chamar ecológico.
Esta abordagem aos recursos naturais, que apenas considerava necessidades económicas e outras de caracter imediatista, ignorando consequências a médio ou longo prazo, tanto para os ecossistemas como para a própria vida do homem, a ausência de um estudo científico e planificação, ainda nos dias de hoje não desapareceu totalmente. Não deixa, portanto, de constituir motivo de admiração que estivesse presente num autor deste período, pese embora o facto de que Fauch não dispunha de dados e informação a que possamos chamar científicos, para além de que actuaria certamente sozinho ou quase sozinho. Haverá, certamente, nesta obra, muita especulação que os avanços nesta área se encarregariam de pôr de parte, o que em nada invalida o mérito da obra e do seu autor.
A Harmonie hydro-végétale et météorologique… teve fraca receptividade no seu tempo. Um ressurgimento do interesse pelos escritos de Fauch dever-se-á a Roger Heim, que o refere na sua obra L'Angoisse de l'an 2000, muito mais tarde, em 1973.
Quanto a esta 1ª edição, refira-se que é muito mais rara do que a edição revista de 1818.
André Silva
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