Mais de 17 mil profissionais de saúde morreram com covid-19 em todo o mundo
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Fotografia dois enfermeiros em serviço
Fotografia: Lusa

 

Um relatório apresentado, esta sexta-feira, pela Amnistia Internacional, Public Services International e UNI Global Unionconcluiu que, durante a pandemia, muitos profissionais de saúde não tiveram acesso aos adequados meios de proteção e, pelo menos, 17 mil profissionais de saúde morreram com covid, no ano passado.

O relatório denuncia que em mais de 100 países ainda não vacinaram uma única pessoa e que, até agora, mais de metade das doses foram administradas em apenas dez países considerados ricos, representando menos de dez por cento da população mundial.

“É uma tragédia e uma injustiça que, a cada 30 minutos, um profissional de saúde morra com COVID-19”, afirmou Steve Cockburn, responsável de Justiça Económica e Social da Amnistia Internacional, acrescentando que, “osgovernos devem garantir que todos os profissionais de saúde, em qualquer lugar, estão protegidos contra a COVID-19.”

Mas vamos aos números que espelham as diferentes realidades.

Segundo o relatório da Amnistia Internacional, pelo menos, 1.576 profissionais de saúde morreram até agora nos Estados Unidos com covid-19, no Reino Unido, só no ano passado, morreram 494 assistentes sociais, “aqueles que trabalhavam em lares de idosos e cuidados comunitários tinham três vezes mais probabilidade de morrer do que a população trabalhadora em geral.”No Brasil, onde cerca de 1000 profissionais já morreram pela infeção, há relatos de equipas administrativas a receberem primeiro a vacina do que quem está na linha da frente, o mesmo se aplicará ao Peru no que toca à má distribuição das vacinas. Refere o mesmo relatório que na África do Sul, mais de 492 profissionais de saúde morreram só este ano.

Dados divulgados pela Direção de Saúde (DGS) referem que em Portugal, cerca de 28 mil profissionais de saúde ficaram infetadosdesde o início da pandemia, dos quais 19 morrerame mais de 16 mil recuperaram. Metade das mortes dos profissionais de saúde no país ocorreram em fevereiro (nove), com registo em janeiro de mais seis vítimas mortais.

Temas preocupantes como a má distribuição das vacinas dentro da estrutura de cada país, assim como a escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), são alguns dos temas mais prementes deste relatório.

Nas próximas semanas, os países considerados mais pobres deverão receber as primeiras doses de vacinas. A Amnistia Internacional, a Public Services International e a UNI Global Unionpedem aos governos que incluam todos os profissionais de saúde da linha de frente nos seus planos de distribuição para salvar vidas e proporcionar condições de trabalho seguras.

O cenário parece ser mais positivo na Europa, onde os profissionais de saúde têm sido considerados de um modo geral prioritários, embora os desafios no abastecimento tenham desacelerado o ritmo de implementação dos planos de vacinação.

É precisamente por todos aqueles que estão na linha da frente, e em particular às equipas portuguesas, que publicamos esta nota. Para todos aqueles que, todos os dias, voltaram ao hospital, arriscando a sua vida para salvar os outros. Mesmo que nem sempre nas melhores condições, alguns afastados das famílias, uns mais escondidos que outros em fatos que os deixaram irreconhecíveis, aos que saíram das suas áreas clínicas e aprenderam novas ações, aos que mantiveram os seus serviços a funcionar com as rotinas possíveis, os que continuaram a motivar as suas equipas médicas, aos que a única “música” de fundo que ouviram foi a dos sinais vitais que cada máquina reproduzia, o nosso profundo OBRIGADO.

Continuaremos a noticiar e a espelhar o trabalho que tantas vezes é invisível e que poucos olhares captam.

Fotografia de vários profissionais de saúde

Fonte: Relatório da Amnistia Internacional -  https://www.amnistia.pt/covid-19-17-mil-profissionais-de-saude-morreram-em-2020/