Leonor Saúde e João Barata ganham prémio Pfizer
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dois investigadores
Créditos: Fotografia - Gonçalo Ribeiro, iMM; Montagem - Cláudia Silva, iMM

 

Três trabalhos de investigação biomédica, com novas descobertas para o lúpus, leucemia e lesões na medula espinhal, vão receber um total de 60 mil euros. 

Entre os três trabalhos reconhecidos, Leonor Saúde e João Barata, ambos Professores na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e investigadores do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), foram galardoados com o Prémio Pfizer.

Leonor Saúde, premiada pela investigação sobre a forma de recuperação de uma lesão na medula espinhal, afirma que, “a coluna vertebral, além de manter os humanos eretos também protege a continuação do cérebro, funcionando como uma via de comunicação entre o cérebro e o corpo, controlando assim as ações motoras e sensitivas" e lembrou que a medula espinhal "não se regenera quando é lesionada, levando por exemplo a perda de controlo permanente de pernas ou braços. Mas a medula espinhal de um peixe, o peixe-zebra, regenera-se e o trabalho consistiu em procurar a partir dai possíveis soluções para o problema dos humanos".

"O que descobrimos foi que após uma lesão na medula espinhal aparecem células que não estavam lá antes, chamadas senescentes. Nos peixe-zebra elas também aparecem e depois desaparecem, mas nos ratos (usados nas experiências porque também a medula espinhal não se regenera) não desaparecem", explicou a investigadora, admitindo que essas células possam estar a impedir alguma regeneração.

Leonor Saúde salientou que há fármacos para, em experimentação animal, eliminar células senescentes, o que permite uma recuperação motora e sensitiva dos ratos lesionados. As células senescentes, explicou, são uma primeira resposta a um stresse, mas podem ter um efeito negativo ao longo do tempo.

A cientista disse que houve da parte dos ratos afetados uma recuperação, mas que não foi total. "Ainda temos muito caminho para andar", disse, acrescentando que o trabalho é muito promissor, mas que ainda há muita investigação a fazer em animais até que se chegue aos humanos. Para já considera que reduzir essas células pode ser o caminho.

João Barata, também considera que o trabalho de investigação que desenvolve pode melhorar o conhecimento sobre a leucemia e apontar caminhos para o desenvolvimento de novos tratamentos. A leucemia, ou cancro no sangue, tem origem em células que são essenciais para a resposta imunológica contra uma série de fatores, mas que passam a tumorais, lembrou o cientista, acrescentando que o que foi estudado foi uma molécula que é expressa à superfície dessas células.

O cientista relata que, "o nosso trabalho mostra que há uma subversão do sistema, uma molécula boa que se converte e causa cancro. O estudo também aponta que podemos arranjar estratégias para atacar as células tumorais", usando pequenas moléculas que entram para dentro dessas células e impedem os processos bioquímicos que levam à leucemia.
A distinção é feita pelos Prémios Pfizer, o mais antigo galardão na área da investigação biomédica em Portugal, que este ano completa 65 anos.

Este ano a multinacional farmacêutica, cujo prémio resulta de uma parceria com a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCML), distingue um trabalho de investigação sobre o diagnóstico e prognóstico da doença lúpus, outro sobre a recuperação funcional após uma lesão da medula espinhal e outro sobre o melhor conhecimento da leucemia.

 

Fonte: RTP