Leite Materno: um seguro de vida
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No mês dourado do aleitamento materno, agosto, encontrámo-nos com Graça Oliveira, médica especialista em Neonatologia e professora da Faculdade de Medicina. Revelou-nos a extrema importância de dar de mamar, para a saúde da mãe, do bebé e, imagine-se, para o Planeta.

Ana Figueira e Vera Levy, duas mães de primeira viagem, aceitaram ser o rosto deste artigo.  Vamos conhecê-las?

médica com óculos
Graça Oliveira

 

Graça Oliveira é peremtória, na fundamentação, o leite materno «é um seguro de vida» para os  bebés e não há leite manipulado (artificial) que o consiga substituir. Mas afinal quais são as vantagens do aleitamento materno?

Gota a gota, os bebés ganham um ácido importante para o desenvolvimento do sistema nervoso central. Resultado: bebés mais inteligentes.

No colostro e leite, que se alteram de acordo com as necessidades das crianças, existem bífidos, pré e protobióticos que formam a microbiota. Permitindo assim um sistema imunitário mais forte, que se forma nos primeiros seis meses de vida, mas que nos protege para o resto dos nossos dias.

bebé a ser amamentado

A amamentação ensina a coordenar deglutição e respiração, forma o palato e cria um microfilme que defende os dentes das cáries. Como consequência há uma melhoria saúde oral e menos despesa para as famílias que amamentaram os seus bebés.

Mais há mais, de acordo com a professora. Crianças que se alimentaram do leite materno têm também menos probabilidades de ter diabetes, obesidade e doenças autoimunes. E quanto às mães elas estão também protegidas.

Mães essas que voltam mais rapidamente à sua silhueta, já que para a produção de leite, o corpo vai buscar preferencialmente as gorduras acumuladas na cintura e anca. Têm também menos probabilidade de desenvolver cancro da mama e do ovário.

Através da amamentação exclusiva até aos seis meses, as famílias ficam com mais 5 euros diários na carteira, o custo estimado dos gastos com leite artificial.  

No fim, o Estado gasta menos em apoios sociais na doença dos seus cidadãos, a população tem uma probabilidade de ser mais saudável, produtiva e o Planeta também agradece, já que se evita a produção, distribuição e reciclagem de milhões de tetinas, biberons, latas de leite artificial.

mãe a amamentar

 

Ana Figueira ajudou muitas mães a dar de mamar nos quatro anos de trabalho como enfermeira no puerpério do Hospital de Santa Maria, mas não foi por isso que não teve dificuldades quando foi mãe do Afonso.

«Ele não fazia bem a pega». É preciso conseguir que a boca do bebé abarque toda a auréola e não só o mamilo, explica, lembrando que o processo «nem sempre é intuitivo» e «é fácil desistir quando não se tem apoio».

Por isso sublinha que «é fundamental pedir ajuda» para que o cansaço, as alterações hormonais e a privação de sono, que fazem parte da parentalidade, não saiam vencedores.

O Afonso mamou em exclusivo até aos seis meses, altura em que fez a diversificação alimentar. Mas hoje, com 16 meses, ainda tem direito ao leite materno, três a quatro vezes por dia. «É até quando ele quiser», remata esta mãe, que sublinha: «peçam ajuda».

As equipas estão recetivas e têm formação em aleitamento materno.  O Hospital de Santa Maria é reconhecido desde 2012 como "Hospital Amigo dos Bebés", uma distinção atribuída pela UNICEF às unidades de saúde que cumprem as medidas para um aleitamento materno de sucesso.

sala de bebé

sala de bebé

A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa foi a primeira Universidade do país a ter uma sala para amamentação, que responde às necessidades de uma comunidade composta por 2603 mulheres.

Chama-se Sala Bebé – Maria de Lourdes Levy, uma referência nesta Faculdade.

«Íamos almoçar juntas todos os domingos e conversávamos muito», conta Vera Levy, que sem saber brilha quando recorda a avó. Escolheu ser assistente social por influência da avó, antiga professora da FMUL, pioneira ao nível mundial na Pediatria social. «Era muito atenta aos problemas sociais e tentava de todas as formas atenuar as dificuldades da família», lembra a neta.

No seu dia-a-dia recebe pedidos de ajuda de mães que pedem ajuda para que a amamentação corra bem, até por questões económica. «Investimos para que corra tudo bem e contamos com associações no exterior que dão apoios gratuitos», explica. No seu caso, apesar do seu desejo em dar de mamar, de todos os cursos que frequentou, dos apoios que não faltaram, incluindo uma enfermeira em casa, «não foi possível». Palavras que parecem pesar quando as pronuncia, apesar de saber que há casos que contrariam as estatísticas.

As estatísticas revelam que ainda há muito trabalho para fazer. Apesar de todas as medidas implementadas pelas Instituições de Saúde, verifica-se que a prevalência do aleitamento materno se mantêm bastante aquém das metas e objetivos preconizados pela OMS para 2025, que recomendam que 50% dos bebés estejam em aleitamento exclusivo até aos 6 meses.

 

 

Vamos trabalhar junt@s?

 

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