Hoje é Dia Mundial da Alergia
Share

Dia Mundial da Alergia é comemorado a 8 de julho e é uma iniciativa conjunta da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Alergia (WAO) para alertar sobre a importância do tratamento e prevenção das alergias.

A   alergia   resulta   de   uma   resposta   excessiva   do   sistema   imunitário (reação   de hipersensibilidade) a um contacto com um estímulo exterior, normalmente tolerado pela população geral.

As doenças alérgicas atingem todos os grupos etários, da criança ao idoso, sendo patologias frequentemente crónicas que podem afetar vários órgãos. Nas últimas décadas, tem-se verificado um aumento da incidência e da prevalência das doenças alérgicas, o que poderá ser consequência das caraterísticas genéticas, mas sobretudo de mudanças ambientais e do estilo de vida.

Em Portugal, e de acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), estima-se que as alergias afetem, aproximadamente, um terço da população.

Existem várias patologias alérgicas. A rinite é a mais prevalente das doenças alérgicas e afeta atualmente cerca de 30% dos portugueses, 40% dos quais têm concomitantemente asma. A anafilaxia é a forma mais grave de doença alérgica e é uma emergência médica, uma vez que se trata de uma reação de hipersensibilidade sistémica grave e potencialmente fatal. Em relação à alergia medicamentosa, estima‑se que cerca de 7 % da população em geral já tenha tido uma reação de hipersensibilidade a pelo menos um fármaco. Dentro dos fármacos mais frequentemente envolvidos nestas reações estão a anti‑inflamatórios não esteroides (AINE) e os antibióticos. Com o aparecimento de novas armas terapêuticas em Oncologia tem‑se verificado, também, um aumento da incidência de reações à quimioterapia e às terapêuticas biológicas. Na investigação de uma reação de hipersensibilidade a fármacos não só é de extrema importância orientar os doentes, documentando as reações; como também oferecer‑lhes alternativas terapêuticas, induzindo tolerância aos fármacos causadores de reação alérgica, sempre que possível.

A incidência da alergia alimentar também tem vindo a crescer em todos os grupos etários. Na alergia alimentar, as reações de gravidade ligeira poderão evoluir para situações graves de anafilaxia e, por isso, é essencial o encaminhamento dos doentes com história clínica sugestiva de alergia alimentar para a consulta de Imunoalergologia.

A área da Alergologia e Imunologia, tem, nos últimos anos, tido um crescimento no sentido   de   uma   abordagem   mais   estratificada   e   personalizada   das   doenças   alérgicas   e imunológicas. O surgimento do “diagnóstico por componentes moleculares”, por exemplo, é uma das ferramentas que tem contribuído para uma medicina de precisão.  Este método permite identificar as moléculas alergénicas envolvidas no processo etiológico das doenças alérgicas e uma escolha de imunoterapia mais adaptada ao perfil individual de cada doente. Para além disso, o conhecimento detalhado dos endótipos das doenças alérgicas tem contribuído para o surgimento de terapêuticas biológicas, produzidas através de métodos de biotecnologia e formuladas para inativar mecanismos específicos da doença.

Assim, atualmente na Imunoalergologia, para além da centenária imunoterapia com alergénios que é a única terapêutica capaz de modificar a história natural das doenças alérgicas, dispomos de recentes e poderosas armas terapêuticas que tem revolucionado o tratamento de diversas doenças graves, imunomediadas, como a asma, a urticária crónica, o eczema e a rinossinusite com polipose nasal.

Deste modo, a celebração desta data é, na minha opinião pessoal e profissional, de extrema importância para que não nos esqueçamos que as doenças alérgicas, pela sua elevada prevalência e morbilidade, constituem um importante problema de saúde pública.

Mulher com cabelo castanho claro e bata branca

Joana Cosme

Imunoalergologista

Serviço de Imunoalergologia do CHULN