"Freedom day", ou o primeiro dia do grande erro?
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- A carta que Fausto Pinto assinou

 

médico sentado de bata

É a partir desta segunda-feira, dia 19, que o uso de máscaras, assim como outras medidas de proteção contra a covid-19 deixam de ser obrigatórias no Reino-Unido. O mesmo país que tem apenas metade da sua população totalmente vacinada, que apresenta 52 mil novos casos diários de infetados, vê o seu ministro da Saúde infetado e o Primeiro-ministro Boris Johnson em isolamento profilático, ainda assim, consagra este como o “Freedom Day”.

Os especialistas em Saúde Pública do país, já vieram alertar para a gravidade desta medida, apontando novos aumentos de infeção para muito breve. Se dentro de dias se preveem que se possam atingir os 100 mil novos casos e 1000 internados por dia, não descartam que a escala possa chegar a um valor estimado de 2000 mil novos infetados a cada novo dia.

Números gritantes e que não ficam entre portas de um país que continua a fazer circular pessoas. O que espera o Mundo deste país que está com elevados índices de transmissibilidade da variante Delta?

Fausto Pinto, Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, conjuntamente com centenas de outros médicos e cientistas de todo o mundo, assinaram uma carta enviada para a conceituada Revista Científica The Lancet, precisamente com o intuito de alertar para as consequências da possível “Infeção maciça e que não é opção”. Condenando a ação governamental britânica como prematura e perigosa, especialistas de todo o mundo explicam que a imunidade de grupo através da infeção pode ter efeitos nefastos e que não abrangem apenas a sociedade inglesa.

O Professor e Cardiologista habituado a trabalhar com as mais diversas áreas mundiais de Saúde, alerta: “É extremamente preocupante o que pode acontecer em Inglaterra a partir de segunda-feira, ou seja, uma abertura precoce, que pode ter consequências muito graves, não só para Inglaterra mas para todo o Mundo. Esta mensagem é subscrita, nos seus princípios, por todas as instituições científica e médicas, incluindo a própria OMS que tem sido muito clara sobre as prioridades do momento”.

Fausto Pinto reforça ainda que há uma preocupação que a opinião pública fique com “a ilusão que já ultrapassámos a pandemia, o que não é de todo verdade. Infelizmente muito antes pelo contrário”. E se a verdade é que as economias dos países e as suas populações querem voltar a ver a liberdade, também é verdade que “as atitudes precipitadas pode fazer, como diz o velho ditado da pressa, a má conselheira".

 

Mais informações disponíveis na The Lancet

Mass infection is not an option: we must do more to protect our young - The Lancet