FMUL Talk Vacinação: Tome decisões informadas
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Para combater a desinformação em torno da vacina para a Covid-19, reunimos um painel com alguns dos melhores especialistas da nossa Escola Médica que, juntos, em videoconferência aberta a toda a comunidade/sociedade, responderam às principais questões sobre a vacina.

A sessão que contabilizou mais de 200 participantes foi moderada pelo Prof. Joaquim Ferreira e contou com a colaboração do Prof. Fausto J. Pinto, Prof. Ricardo Mexia, Prof.ª Cristina Sampaio, Prof. Luís Graça, Prof. Thomas Hanscheid e Prof.ª Emília Valadas.

Prof. Fausto Pinto

O arranque da Talk deu-se com a apresentação de alguns dados sobre a Covid-19, nomeadamente, o facto da doença ser a 4ª causa de morte em Portugal e a 2ª nos Estados Unidos da América, pelo Diretor da nossa Faculdade, Fausto J. Pinto, que fez questão de justificar os motivos para a vacina ser o caminho certo para a imunidade de grupo.

Prof. Ricardo Mexia

Também o Prof. Ricardo Mexia, que começou por apresentar uma perspetiva histórica da imunidade de grupo, deu-nos a conhecer a fórmula de cálculo para a mesma, inserida na realidade dos nossos tempos.

Cristina Sampaio

Já a Prof.ª Cristina Sampaio apresentou argumentos sólidos sobre os ensaios clínicos, defendendo a sua legitimidade, com o intuito de reduzir o impacto das especulações sobre o plano de vacinação, dando a garantia de que “não foram queimadas etapas (…) A principal causa da rapidez é que a tecnologia do RNA [descoberto nos anos 60] estava disponível, e a celeridade dos ensaios clínicos prende-se com uma injeção de financiamento substancial, como não se tinha visto antes; e a própria circunstância da Covid-19, que é uma doença rápida”.

Prof. Joaquim Ferreira

De seguida, pelo Prof. Joaquim Ferreira, foi feita uma análise sobre o que nos ensinaram os ensaios clínicos. Estes ensaios disseram-nos que a hidroxicloroquina não era eficaz para tratar a Covid-19”, começou por explicar, mencionando a “história positiva da dexametasona”, ao revelar-se “eficaz no tratamento de alguns doentes com Covid-19”. Já o fármaco “Remdesivir” é, na opinião do Neurologista, um “enredo mais complexo (…) mas mesmo que seja eficaz, a magnitude do efeito é mínima e, nesse sentido, estamos limitados, pelo que surge a necessidade de explorar outras alternativas, nomeadamente as vacinas”.

Prof. Luis graça

Sobre o modo de funcionamento destas vacinas, o Professor Luís Graça explicou como funciona a resposta imune nas infeções virais, bem como a ação das células T e B, tendo detalhado mais veemente o processo de produção de anticorpos contra o Sars-Cov-2, defendendo que o objetivo principal de uma vacina é “criar anticorpos protetores na primeira infeção”.

Prof. Thomas Hanscheid

Chegada a vez do Prof. Thomas Hanscheid, o Professor de Microbiologia deu continuidade ao debate ao trazer para cima da mesa o tema das mutações dos vírus e se estas podem ou não prejudicar a eficácia das vacinas. Para o especialista, a resposta é clara e objetiva: as mutações são comportamentos normais dos vírus e esta última mutação, identificada primeiramente no Reino Unido, só torna o vírus mais infecioso/contagioso. De acordo com o microbiologista: “O facto de ser mais contagiosa obriga-nos a seguir o caso de Israel e vacinar todos, ainda mais rápido”, a fim de travar “este aumento exponencial” e evitar mais contágios e mortes, explicou o Professor.

Prof. Emilia Valadas

Mas afinal quem deve e não deve ser vacinado? E quando é que poderemos deixar de usar máscara?  A Professora Emília Valadas respondeu categoricamente: “Todos!”. As exceções existem e aplicam-se “a menores de 16 anos e a situações muito raras e particulares”, ou seja, “a um pequeno grupo de pessoas em que há dúvidas da eficácia da vacina”. “Os idosos e os imunodeprimidos, apesar de se esperar uma menor eficácia, não são grupos que devem ser excluídos”. Sobre a administração da vacina às grávidas, a Professora Emília Valadas entende que “é cauteloso não recomendar” a vacinação nesse caso específico, sendo que em situação de aleitamento não há, até à data, evidências que sustentem o mesmo princípio. No que concerne à utilização da máscara, Emília Valadas afirmou que é um hábito a manter “enquanto a situação não estiver resolvida”, mesmo “não sendo mágicas”, são uma medida essencial no combate à propagação do vírus.

Com a Covid-19, as sociedades de todo o mundo têm sido vítimas de uma outra pandemia, a “pandemia da desinformação”, designação atribuída pelo Professor Fausto J. Pinto ao fenómeno das fake news, cujo índice de contágio é, efetivamente, alarmante, acrescentado o comentário de que” se não fosse trágica, era cómica”.

O Professor encerrou as FMUL Talks com uma análise à realidade “que criou mais situações anómalas nos últimos tempos”, desencadeada por “grupos contestatários baseados na ignorância”. E as consequências do que considera ser “uma doença maligna” podem ser “dramáticas”, garante o Professor. Em tempo de “contenção máxima”, Fausto J. Pinto defende que devem ser empenhados todos os esforços e recursos à disposição, com vista à “vacinação massiva”, principalmente numa altura em que o vírus está a atacar com força.

Se mesmo com um “breve” resumo da videoconferência ainda tem dúvidas quanto à importância da vacinação, convidamo-lo/a a visionar a FMUL Talk na íntegra aqui.