Estudo com assinatura da FMUL revela que idade é o fator mais significativo na mortalidade por Covid-19
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Segundo o estudo efetuado em mais de 20 mil doentes infetados com SARS‐CoV‐2, entre 1 de janeiro e 21 de abril do presente ano, a idade é o fator com maior peso na mortalidade por Covid-19, contrariamente ao presumido inicialmente pelos investigadores, sendo que da lista de comorbilidades as que mais aumentam o risco de morte são as doenças cardíacas e renais, não havendo evidência de risco acrescido em relação às doenças pulmonares, conforme explicou à rádio Observador o coordenador do estudo e investigador da FMUL, Paulo Jorge Nogueira.

O estudo intitulado “The Role of Health Preconditions on COVID-19 Deaths in Portugal: Evidence from Surveillance Data of the First 20293 Infection Cases” conclui que,  aos problemas cardíacos e renais, sucedem as deficiências imunológicas  (por exemplo, o vírus da sida),  a doença neurológica e a doença hematológica crónica como fatores que apresentam maior risco de morte para os doentes infetados com o novo coronavírus. Seguem-se a doença hepática, a doença pulmonar, a doença oncológica e a diabetes, cita o Observador na publicação sobre o primeiro estudo nacional publicado na revista científica internacional, “Journal of Clinical Medicine”.

Os autores denotam que os resultados apurados “devem ser interpretados com precaução”, pois têm limitações como o facto de serem referentes ao primeiro período de infeção em Portugal, compreendido entre janeiro e abril de 2020, “podendo sofrer alterações se entretanto novos dados forem cedidos pela DGS”, apontando ainda como limitações a “ausência de dados sobre os sintomas e resultados dos testes laboratoriais”, a “impossibilidade de ajustar a sequência temporal dos eventos”, o facto “de existir um sub-relatório de casos com manifestações ligeiras” e “alguns dados omissos”.

O estudo, em que a modelação estatística da mortalidade ocorreu por intermédio de 3 modelos e cujos resultados pode consultar em detalhe aqui, foi realizado por um grupo de investigadores portugueses de sete institutos/departamentos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (IMPSP – Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública; Laboratório de Biomatemática; ISBE – Instituto de Saúde Baseada na Evidência; ISAMB – Instituto de Saúde Ambiental; Clínica Universitária de Estomatologia; UEPID – Unidade de Epidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública; Cochrane Portugal), em colaboração com a ESEL (Escola Superior de Enfermagem de Lisboa), CRC‐W (Católica Research Centre for Psychological, Family and Social Wellbeing, da Universidade Católica Portuguesa) e INSA (Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge).

A análise, que é uma das mais completas a nível nacional efetuada até ao momento, foi também notícia na RTP. “Usamos como referência as mortes que ocorreram abaixo dos 55 anos e fomos avançando pelos vários escalões etários”, explicou Paulo Jorge Nogueira, revelando que ao atravessar a barreira dos 90 anos foi detetado um risco de morte aumentado até 600 vezes, tanto em doentes com outras doenças como nos que não registavam complicações associadas. Em declarações à RTP, Paulo Nogueira disse haver ainda muitas informações que precisam ser clarificadas numa observação mais detalhada, mostrando-se confiante com a cedência de novos dados por parte da DGS, a fim de se aprofundar a investigação (em que um dos aspetos que não ficou claro entre os investigadores foi o risco da diabetes), na expectativa de virem a ser incluídos novos parâmetros como o risco de obesidade e hábitos tabágicos.

Saiba mais detalhes e veja aqui a reportagem na íntegra.