“Este é também o tempo da Responsabilidade, de reconhecer o que correu mal e corrigir”
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José Fernandes e Fernandes, Professor Jubilado da FMUL, nome cimeiro da Cirurgia Vascular no nosso país e antigo Diretor da nossa instituição, comentou os desenvolvimentos da última semana, que caracteriza como “triste e muito preocupante”, considerando que o sistema falhou num momento crucial, aludindo ao agravamento dos casos de infeção por covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde continua a propagar-se a doença, bem como o aumento de casos no Alentejo e Algarve.

No artigo de opinião que escreveu para o jornal Público, o Professor apresentou um gráfico com a distribuição comparativa de novos casos de covid-19 por 100.000 habitantes e a sua evolução, comprovando “maior prevalência da infecção diagnosticada em Portugal”, comparativamente com outros países europeus. “Estamos bastante pior que países da nossa dimensão –  Áustria, Bélgica e Suíça  – e do que a Espanha, Itália e Reino Unido”, denota José Fernandes e Fernandes, defendendo que Portugal “perdeu uma grande oportunidade de marcar uma posição no contexto da reabertura na Europa, construída na decisão corajosa do estado de emergência, no que parecia ser o civismo colectivo, misto de medo e esperança, e que a ausência de rumo, de coerência na estratégia, de coragem nas decisões e falta de cadeia de comando estruturada e hierarquizada deitaram a perder”.

Entende, ainda, que “a dedicação e sacrifício” de todos aqueles “que ajudaram a evitar o colapso dos serviços de saúde, que mantiveram invejavelmente baixa a taxa de letalidade e permitiram a recuperação de tantos doentes graves, teria merecido outra actuação dos responsáveis sanitários e políticos”, sublinhou, referindo-se a todos os “Profissionais de Saúde e equipas de emergência e transporte, assistentes operacionais e forças de segurança, destacando ainda “a competência das equipas clínicas, médicas, de enfermagem e outros técnicos”.

Gráfico de linhas sobre os novos casos de COVID-19

Na opinião do Professor, este é portanto “o tempo da Responsabilidade, de reconhecer o que correu mal e corrigir”, frisou no artigo, apontando o que não correu bem na gestão da pandemia em Portugal, onde o uso da máscara parece estar ainda longe de ser um hábito e comportamento generalizado entre os portugueses, acusando também a falta de planeamento e descoordenação do poder político e autoridades de saúde.

Num comentário em que o desnorte da TAP é também alvo de análise, José Fernandes e Fernandes entende que é urgente implementar no país uma “Cultura de Meritocracia e Independência, na Administração, na Saúde, na Educação, na Justiça”, “sectores que são essenciais para o futuro do País e para o qual se impõe uma visão global, panorâmica, informada e isenta”. É esse o grande desafio de Portugal no momento atual, segundo a opinião do Professor José Fernandes e Fernandes, cujas reflexões convidam à leitura de um artigo imperdível, para ler aqui.