“É lógico que utilizemos as estratégias que estávamos a desenvolver contra o vírus de dengue ao vírus SARS-CoV-2”
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O Professor da FMUL e investigador principal do iMM, Miguel Castanho, comentou a investigação que integra no âmbito do projeto “No Virus 2 Brain”, que tem por objetivo desenvolver fármacos para inactivar os vírus no cérebro, e que vai também dedicar-se ao estudo do novo coronavírus.

Recorde-se que o projecto recebeu um financiamento europeu de 4,2 milhões de euros no ano passado e arrancou em setembro de 2019, investigando o vírus da dengue, da sida, o zika entre outros. “O mais importante é sempre a toxicologia. Mais importante do que um fármaco fazer bem é não fazer mal, é ser seguro”, explicou o Professor em resposta ao estado atual da investigação, no âmbito da qual foram já desenvolvidas moléculas de raiz, encontrando-se na fase dos testes de segurança.

De acordo com notícia do Público, Miguel Castanho explicou que estudos recentes vieram confirmar que o SARS-CoV-2 atinge o cérebro, podendo causar danos neurológicos graves em alguns pacientes. “Já havia suspeitas de que o vírus poderia chegar ao sistema nervoso central, com sinais como a perda de paladar e a perda do olfacto”, informou Miguel Castanho à Lusa. “É o que se passa com o vírus da dengue. Portanto, é lógico que utilizemos as estratégias que estávamos a desenvolver contra o vírus de dengue ao vírus SARS-CoV-2”.

O Professor salienta, ainda, que o projecto deverá ser prolongado, ultrapassando a duração inicial de quatro anos, reconhecendo que o novo coronavírus veio enriquecer o projeto, sem prejuízo de todas as investigações em curso nos restantes vírus e que se mantêm com o mesmo empenho e rigor.