Covid-19 pode deixar marcas permanentes no cérebro?
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Homem de óculos e careca na TV em entrevista

 

No seguimento de uma investigação conduzida por 70 investigadores brasileiros, concluiu-se que o Sars-Cov-2 ao entrar no cérebro pode causar a morte de tecido cerebral, atacando as células responsáveis pelos processos metabólicos que garantem a produção de energia e a nutrição dos neurónios. O estudo aponta ainda que a via de acesso para o cérebro é o nariz e levanta também a hipótese do vírus causar doenças genéticas como a esquizofrenia, Parkinson ou Alzheimer.

O Prof. Joaquim Ferreira considera prudente mantermos uma análise crítica sobre a literatura científica, especialmente sobre o Sars-Cov-2, uma vez que grande parte das publicações carecem de revisão pelos “pares” – investigadores independentes.

Na análise global pedida ao Neurologista, durante uma entrevista na SIC Notícias, o especialista refere que o único dado novo e fidedigno desta descoberta prende-se com o fato de terem encontrado partículas de material genético do vírus no cérebro, após a realização de autópsias a doentes que faleceram com Covid-19.

Não desvalorizando os possíveis danos neurológicos que provoquem Esquizofrenia, doença de Parkinson ou Alzheimer, considera imprudente concluir, em apenas 9 meses, que a maior parte dos doentes com queixas neurológicas acabem por desenvolver este tipo de doenças.

De acordo com Joaquim Ferreira: “Se este dado existe? Existe. Mas são coisas raras. Há, efetivamente doentes com queixas neurológicas, provocadas pelo efeito do vírus a nível cerebral, sendo a maior parte transitórias.”

No decorrer da entrevista, o Professor chama também à atenção para os sintomas de alguns doentes (dores de cabeça, ansiedade e sonolência, mesmo após a saída das Unidades de Cuidados Intensivos), que podem ser causadas pelo estado de ansiedade e medo de estarem infetados com uma doença da qual se sabe muito pouco, e não por uma lesão cerebral.

“Não devemos ficar assustados com este tipo de artigos, mas devemos lê-los de forma crítica”. Isto não é uma pneumonia. É importante dizer isto. Não. Isto é uma doença que afeta os pulmões, o coração, o cérebro, que afeta os músculos.”

Em Portugal, reportados na literatura científica, o Prof. Joaquim Ferreira confessa não haver casos de doentes, que à primeira vista saudáveis, tenham desenvolvido Parkinson após a infeção do Sars-Cov-2. Contudo, a sonolência é uma realidade para muitos dos que saem das UCIs.

 

Ver entrevista na íntegra.