A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa está desde o começo do mês de agosto a reforçar as aulas práticas em ambiente hospitalar e de laboratório, para os seus alunos de Medicina e Nutrição.
Espalhados nas mais diferentes áreas clínicas, os alunos de Medicina podem assim fortalecer a sua prática na Urgência e em consulta, sendo integrados num programa à medida e que decorre entre a Obstetrícia e a Ginecologia, Cirurgia e Psiquiatria. Já os alunos de Nutrição poderão ter a mesma dinâmica em ambiente laboratorial.
O objetivo é reforçar possíveis lacunas que tenham ficado de um período de pandemia que afastou fisicamente os estudantes da instituição, o que pode ter retirado algum contacto esperado daqueles que aguardavam pelos anos clínicos para reforçar a prática médica.
Maria José Diogénes, Professora de Farmacologia da FMUL, explicou este fim-de-semana, em entrevista à TVI 24 que “esta é uma das muitas oportunidades destes jovens alunos poderem fortalecer a prática clínica com os doentes”. Atentos a um período conturbado que afastou fisicamente os alunos da Faculdade, assim como do Hospital, entendeu-se abrir o período que seria de férias, a uma fase alargada de aprendizagem e prática, “estamos a oferecer aos alunos as áreas formativas como um complemento, em que cada aluno pode, ou não, participar nas atividades, mas como complemento àquilo que já aprendeu ao longo do ano letivo”.
As aulas consistem na execução prática daquilo que se foi aprendendo na teoria, Estela Flambó, uma das alunas da Faculdade explica que esta é a forma mais objetiva de “pôr as mãos na massa e aplicar o conhecimento”. Não obstante de não se resolver na totalidade as lacunas apresentadas após mais um ano de ensino à distância, é um “grande contributo” para o desenvolvimento das aprendizagens, ter estas sessões de verão.
As aulas práticas decorrem ao longo do verão e tiveram forte adesão dos alunos que fazem questão de reforçar que a sua qualidade não fica ameaçada pela ausência nas áreas hospitalares.
Elaborado pelo Conselho Pedagógico e coordenado pelo seu Presidente, o Prof. Joaquim Ferreira, o Plano de Formação Médica e Laboratorial foi construído em parceria com o Departamento de Educação Médica (DEM) e Associação de Estudantes (AEFML). O Hospital de Santa Maria (CHULN - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte) e Faculdade não podiam estar mais alinhados com a implementação destas sessões “em ambiente de urgência que é muito propício a aprender, principalmente perante a doença aguda”, como explica Anabela Oliveira, Docente da FMUL e Diretora da Urgência de Santa Maria.
Depois de traçado um plano de trabalhos de Tutores médicos e alunos, cada Tutor assume para si 1 ou mais estudantes, nas suas atividades clínicas. Esta dinâmica permite assim que o acompanhamento seja o mais fusional possível com as rotinas da prática clínica e laboratorial.
A presença na Urgência de alunos integrados em equipas de Medicina e Cirurgia vai permitir que estes façam períodos de 4 horas ao fim da tarde e noite (durante a semana) e ao longo de todo o dia no fim-de-semana.
A pandemia afetou ao todo 3 semestres letivos e se a alteração da agenda académica pareceu de início ser apenas algo negativo, permitiu também abrir novas portas de solução, dinamização e aprendizagem, como as sessões de verão de Medicina.
