“Achamos que é uma má decisão e que vem prejudicar a qualidade da Medicina”
Share

Em entrevista à Rádio Observador, o Professor Fausto Pinto lamentou a decisão da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) sobre o novo curso de Medicina da Universidade Católica Portuguesa, entendendo tratar-se de uma “cedência ao poder político, uma vez que todas as entidades ligadas à Medicina manifestaram que não seria a altura oportuna para esta tomada de decisão”.

De acordo com o Presidente do CEMP (Conselho de Escolas Médicas Portuguesas), a abertura do primeiro curso de Medicina numa universidade privada não vai melhorar o ensino médico em Portugal, muito pelo contrário. “Acho que vai banalizá-lo e, eventualmente, até será um aumento daquilo que muitos consideramos a proletarização da Medicina”, afirmou, manifestando um sentido de respeito pelas decisões tomadas por parte das entidades responsáveis, embora considere que esta seja uma “má decisão e que vem prejudicar a qualidade da Medicina”.

Fausto Pinto reiterou ainda, que a posição contra o aumento do número de vagas, bem como a existência de mais escolas médicas no país, resultou de uma “análise consubstanciada” e rigorosa, denotando que o “ensino da Medicina é um ensino dinâmico e temos feito chegar à tutela as necessidades que existem para uma evolução moderna do ensino da Medicina que nós, nas nossas faculdades e escolas médicas, fazemos o possível e o impossível para manter aquilo que é um ensino bom e que tem formado excelentes médicos”.

O Diretor da FMUL entende, igualmente, que a área da Saúde, apontada muitas vezes como sendo a mais importante pela sociedade em geral, “deveria ser também a área mais acarinhada”, ressalvando que decisões como esta a que agora assistimos “vêm degradar o sistema do ensino médico em Portugal, uma vez que vai permitir um excesso de oferta formativa que terá, no futuro, consequências na qualidade do ensino e da própria prática médica”, alertou em declarações que pode ouvir na íntegra aqui.

Por sua vez, a Ordem dos Médicos afirma que a "esfera política prevaleceu sobre a esfera técnica" e atenta para problemas que "colocam em causa a qualidade do curso".

O comunicado do CEMP é destaque na SIC Notícias, que dá nota do “consenso" entre o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, a Associação Nacional dos Estudantes de Medicina e a Ordem dos Médicos, que "têm o conhecimento adequado sobre o ensino médico em Portugal", sobre "a não oportunidade" de um novo curso de Medicina.

A SIC Notícias adianta também que a “decisão da A3ES surge poucos meses depois de o Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior permitir às universidades públicas que aumentassem o número de vagas para a formação de médicos”, realçando o parecer negativo emitido pela Ordem dos Médicos há dois anos para um curso, cuja acreditação foi chumbada em dezembro do ano passado pelo Conselho de Administração da A3ES.

“Entre as falhas apontadas nos dois pareceres negativos estavam questões pedagógicas, a discordância da Ordem dos Médicos em relação a uma disciplina e ao tempo insuficiente de contacto com a prática clínica em hospitais”, tendo sido ainda considerada “a sobreposição de oferta”, pode ler-se na notícia disponível aqui.